Pais do Real não têm nada a declarar. O Cerra tem
Saiu na colona (*) de Maria Cristina Fernandes, na pág. A6 do Valor:
“O futuro segundo os pais do Real”
O título engana.
Os pais do Real não têm a menor ideia de como vai ser o futuro – segundo a própria colona (*).
Maria Cristina Fernandes descreve um colóquio dos pais do Real com Fernando Henrique Cardoso e alguns (outros) ociosos.
O próprio Farol de Alexandria, segundo a colonista (*), cobrava o respeito ao tempo da exposição, já que “alguns aqui trabalham. Poucos”, disse o anfitrião.
O objetivo era “discutir por que a transição brasileira estava incompleta”.
O que, aliás, poderá ser dito do Brasil de 1823, 1923 e 2023 ...
Não saiu nada dali.
Nada.
A única ideia (extravagante) foi o que se entende como uma proposta para acabar com o FGTS.
O que lembra a este ansioso blogueiro célebre editorial de O Globo de Roberto Marinho sobre o 13º. Salário: o trabalhador brasileiro saberá repudiar essa demagogia.
(Interessante que o FGTS nasceu com o Golpe de 1964, em substituição à garantia por tempo de serviço após dez anos, prevista na CLT do Dr Getulio – que o FHC ia sepultar ...)
A colonista e alguns dos jeniais presentes se dão conta de que não há “viabilidade eleitoral” para o que os pais do Real pensam hoje (e quase não pensam nada).
O Farol de Alexandria, mais esperto que todos eles, juntos, resumiu bem o enrosco:
Fernando Henrique tentou fazer a ponte. Situou o buraco em que está metido o PSDB ao explicar que, ao contrário do que acontecia na época da inflação, as pessoas não percebem mudanças na política econômica como necessárias ...
Ou seja, os tucanos estão ancorados no Plano Real e de lá não saem.
Este ansioso blogueiro lamentou a ausência no colóquio do jenial Padim Pade Cerra.
Talvez, porque se tivesse atrasado na sacristia da Basílica de Nossa Senhora da Aparecida.
Ou porque não se pode convidar para o mesmo colóquio o Pedro Malan e o Padim.
Como se sabe, o Padim boicotou o Plano Real.
Ele queria tomar o lugar do Malan e dizia aos colonistas que o tratam de “Serra”, que o real não passava de “populismo cambial”.
Se o Padim tivesse ido, a discussão se teria iluminado com digressões sobre o câmbio (é uma ideia fixa...), o fortalecimento das APAES e a construção do cano que ia de Sergipe ao Ceará.
Uma pena.
Em tempo: quem também não tem nada a declarar é o Aécio.
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.