Vaccarezza: vai ter que ter dinheiro para a Saúde
O PiG (*) se regozija nesta manhã de terça-feira com vitórias do tipo “o primeiro milho é dos pintos”.
Uma Juíza concedeu liminar que pode atrasar a expansão do aeroporto de Guarulhos: na primeira página do Globo, o jornal do “toma lá dá cá”.
E escola pública é uma desgraça (também na primeira página do Globo), comparável à ocupação do Morro do Alemão.
O dólar não para de subir (na primeira página do Globo).
Mas, o grande entusiasmo se reserva à pseudo-informação de que “Dilma desiste de nova CPMF para financiar Saúde em 2012”.
O PiG (*) e a elite que nele se materializa se rejubilam com a notícia de que a obra de extinção da CPMF permaneceria intocada: vai faltar remédio na boca da criança pobre – para sempre.
Pobre não está neste mundo para tomar remédio e muito menos para estudar !
Este ansioso blogueiro telefonou para o líder do Governo na Câmara, Cândido Vacarezza, do PT de São Paulo.
Acompanhe, amigo navegante, o que diz Vaccarezza:
- em 2010, o Governo Federal aplicou R$ 62 bilhões em Saúde;
- em 2011 aplicará R$ 71,5 bilhões, sempre sem a CPMF;
- no último ano de (desastroso) Governo, em 2002, o iluminado Farol de Alexandria gastou R$ 24 bilhões, sendo que R$ 11 vieram da CPMF;
(O que não impediu que Fernando Henrique, ao lado do Presidente da FIE P (**) e do então Senador Arthur Virgilio Cardoso - que ameaçou dar uma surra no Nunca Dantes e levou uma dos eleitores do Amazonas -, liderasse a campanha para extinguir a CPMF. Grande estadista ! Estadista também foi o co-presidente Padim Pade Cerra, que teve papel edificante na questão do dinheiro para a Saúde, segundo o dr. Adib Jatene, Cerra dizia uma coisa quando era Ministro do Planejamento e outra quando era da Saúde. Extadista ! – é assim mesmo, amigo revisor: “extadista”, “ex” tudo.)
- a Presidenta nunca disse que queria reinventar a CPMF, continua Vacarezza, porque sempre achou que ela tinha um defeito de origem: o dinheiro não era “vinculado”, como queria seu criador, o Dr Jatene; ou seja, o dinheiro não ia para a Saúde, necessariamente;
- ao mesmo tempo, a Presidenta entende que a sociedade tem ojeriza à ideia de um novo imposto;
- o que fazer ?
- Responde Vaccarezza: melhorar a gestão e destinar mais dinheiro à Saúde, com os recursos disponíveis;
- Vai ter que ter dinheiro novo para a Saúde ?, pergunta o ansioso blogueiro.
- Responde Vaccarezza: vai ter que ter dinheiro para a Saúde !
- E vai ter ?
- Sim, para dar uma Saúde universal e de qualidade, vai ter que ter dinheiro novo !, ele diz.
- Quando ?
- Daqui a um ano, dois, quando a sociedade se convencer de que tem que haver mais dinheiro SÓ para a Saúde.
Pano rápido.
(Enquanto os pintos se divertem com o primeiro milho.)
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Este Conversa Afiada chama a FIESP de FIE P. Sem o “s”. É uma tentativa de identificar o verdadeiro propósito da campanha da FIE P contra a CPMF. Apagar o “S” de “$”.