Nem e Beltrame correm risco de vida
O navegante de longo curso, Vasco Moscoso de Aragão está fundeado em São Conrado, a contemplar a Rocinha, pacificada pela Eliane Catanhêde.
- O Nem e o Beltrame correm sério risco de vida ..., observou assim como quem diz o óbvio.
- O que isso, Vasco, você bebeu tequila ?
- É verdade. Veja só. O Beltrame quer que o Nem entre na delação premiada, não é isso ?
- Sim, ele tem dito isso.
- O Edu era o caixa do Nem e no disco rígido do Edu tem a lista dos clientes.
- Verdade.
- O Nem não disse que metade da receita dele ia para policiais ?
- Tambem disse.
- Voce já imaginou se o Nem abre o bico, na delação premiada.
- Vai ser sensacional.
- E se abrem o disco rígido do Edu.
- Vai ser um Deus nos acuda, digo.
- Sabe o que pode acontecer?, pergunta o Vasco com jeito de que ja sabe a resposta.
- A Ellen Grace não vai deixar abrir o disco rígido do Edu, porque o Edu não é o Edu, mas o Edu.
- E o Nem?, pergunto.
- O Nem vai aparecer com a boca cheia de formiga na estrada do Rio para Maricá.
- E o Beltrame, o novo herói da Catanhede (clique aqui para ler "Na Rocinha, a Sérgio o que é de Sérgio" ) ?
- Meu filho, tomara que eu me engane.
- Por que, Vasco ?
- Porque o Beltrame é a Satiagraha.
- E aí, Vasco ?
- É preciso calar o Beltrame.
- Como assim?
- Pergunta ao Protógenes. Pergunta ao Dalla Chiesa, aquele general que a Camorra deixou dentro do carro, adormecido, com uma bala na cabeça, em Napolês.
- Calma, Vasco.
- Meu filho, mais calmo do que eu, impossível. Uma capirinha de caju, no pôr do sol da Pedra da Gávea.
Paulo Henrique Amorim