Presidenta, diz à Merkel como é que se faz
Saiu no New York Times:
A Alemanha não conseguiu vender todos os títulos que levou ontem ao mercado: 1/3 encalhou.
Na pág. A4 do Valor, o Ministro Mantega anunciou que a economia brasileira retomou o ritmo de crescimento e entrará em 2012 “em franca aceleração”.
Ele acredita que a economia cresça, este ano, 3,2% e, ano que vem, entre 4,5% e 5%.
No Brasil Econômico, pág 9, Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional, informa que o aperto da Dilma funciona: União cumpre meta de superávit com antecedência.
“No acumulado do ano até outubro, o superávit soma R$ 87 bi, 95% da meta fixada para 2011.”
A preocupação agora não é fiscal, mas com o crescimento da Economia ano que vem.
A meta de crescimento da Economia para o ano que vem, diz ele, é 5%.
(Agora, a Urubóloga corta os pulsos ...)
A Alemanha não é mais “a ilha de estabilidade”, diz o New York Times.
Por que será ?
Porque os bancos europeus (e muitos americanos) estão descapitalizados.
Com a água no pescoço.
E não compram nem títulos da Merkel revestidos de ouro.
Vendem, para se capitalizar.
A Ângela Merkel, o último bastião do neolibelismo (*), começa a sentir o calor.
A fórmula neolibelista (*) clássica – sufoca o freguês (Grécia, Itália, Espanha, Portugal) para ele pagar a dívida – deu com os burros n’água.
Não adianta a Merkel resistir.
Se continuar nesse neolibelismo (*) furioso, o “mercado” vai acabar por demitir ela, como fez com o Zapatero, o Berlusconi e, breve, o Sarkozy.
A Alemanha vai ter que aceitar um Banco Central Europeu como emprestador de última instância e um título de toda a Europa que banque e capitalize todos os europeus – com dinheiro, sobretudo, da Alemanha.
A Merkel é engraçada: ela quer exportar com o Euro da Grécia, mas não quer que a Grécia cresça.
Tem re-capitalizar a Europa e fazer a Europa crescer.
Crescer.
Dar emprego.
Incluir.
Distribuir renda.
Botar a economia para rodar !
Presidenta, dá um pulinho a Berlim e explique como as cosias funcionam.
(Aproveite para ir ao Pergamon, antes que a Turquia leve de volta.)
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.