FHC fechou a Comissão de Ética. E ainda quer a CPI !
Saiu na revista Brasileiros entrevista de Nirlando Beirão com Modesto Carvalhosa:
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Brasileiros – O senhor fez parte de uma Comissão de Ética criada pelo presidente Itamar Franco. O que vinha a ser aquilo? Funcionou?
M.C. – Itamar queria que o grupo fizesse um Código de Ética para o servidor público. Passamos um ano trabalhando de graça, dentro do Palácio do Planalto, levantando todas as infiltrações que vinham daquele escândalo dos “anões do Orçamento”, está lembrado? O escândalo tinha ramificações no Ministério e nós ficamos um ano investigando as gangues ligadas aos “anões do Orçamento” dentro do Executivo e como o dinheiro vazava dos cofres públicos para os bolsos particulares. O objetivo não era só fazer um Código de Ética, era também implantar. Evangelizar os agentes públicos com um comportamento fundado na cidadania. Acontecia uma crise, íamos lá ao Ministério e discutíamos com os funcionários. Os chefões resistiam, mas os funcionários iam lá buscá-los para ouvir. O Código de Ética era um primor.
Brasileiros – O que aconteceu com ele?
M.C. – O governo Itamar foi muito curto, fizemos o que pudemos, com um entusiasmo juvenil, todo o nosso grupo. Produzimos o Código de Ética e iniciamos o processo de implantação. E, a partir do escândalo do Orçamento, fizemos um relatório mostrando as infiltrações da corrupção dentro dos ministérios. Itamar chamou o então presidente eleito, Fernando Henrique, e lhe entregou solenemente nosso relatório. A primeira coisa que Fernando Henrique fez foi arquivar o relatório e demitir a comissão.
Brasileiros – Demitiu uma comissão de voluntários?
M.C. – Demitidos. Sem nenhuma satisfação. Sem nenhuma condecoração. Nada. Em seguida, Fernando Henrique fez outro ato heroico: revogou o Código de Ética. A partir daí, entendi que Fernando Henrique é de fato um ser superior.
Brasileiros – Um nobre feudal.
M.C. – É que as campanhas eleitorais na época ainda não tinham o controle que existe hoje, só um controle muito relativo – ou nenhum. Fernando Henrique deve ter sido persuadido pelos empreiteiros, que lhe deram milhões na campanha, a revogar o Código de Ética, demitir a comissão e jogar no lixo o relatório. Que, aliás, era contundente. Mas está tudo registrado no Livro Negro da Corrupção, que organizei e lancei em 1995. Acabamos ganhando o Prêmio Jabuti de Literatura Jornalística. Veja a grandeza desse notável sociólogo, o Fernando Henrique!
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Faz algum tempo, Mino Carta tinha um blog e organizou um concurso nacional e internacional para eleger o Tartufo.
O maior de todos os Tartufos – quem é ?
O “notável sociólogo”, como diz o Carvalhosa, ganhou disparado.
Segundo o Houaiss, “tartufo” é:
– indivíduo hipócrita;
– beato enganador (isso talvez se aplique melhor a seu discípulo, o Padim Pade Cerra;
– fingido;
– santarrão.
“Tartuffe” é uma peça de Molière, escrita no Século XVII sobre os tucanos de São Paulo.
Em tempo: esse post é uma singela homenagem aos marchadeiros que ontem sairam às ruas do PiG (*) para protestar contra a corrupção. Não havia nenhum banner com a palavra “privataria”. Nem menção à Castelo de Areia. São mini-tartufos.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.