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Dias sobre Campos: é neto de Arraes ou de Tancredo ?

Ora afaga FHC, ora elogia Dilma. Enaltece a liderança de Aécio Neves e manifesta “respeito” a Lula.
publicado 13/10/2012
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O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauricio Dias na Carta Capital, da imperdível seção "Rosa dos Ventos".

Neto de Arraes ou de Tancredo?



Eduardo Campos, governador de Pernambuco, é o maior vencedor das eleições municipais de 2012 como anunciou, em corajosa antecipação, a revista CartaCapital. Os resultados alcançados pelo Partido Socialista Brasileiro sustentaram, posteriormente, essa afirmação.

Pelos números do primeiro turno os, vá lá, socialistas, considerando o número de prefeituras, cresceram quase 40% em relação ao desempenho em 2008.

Foi o bastante para que a oposição, como sempre abraçada à imprensa conservadora, continuasse a cavar o fosso com o qual tenta afastar Campos do governo Dilma, de Lula, do PT. Isso ocorrerá inevitavelmente mais à frente. Nunca antes de 2014 se a história seguir o curso e os acordos traçados.

O governador de Pernambuco tem um compromisso com Lula, não com o PT, até 2014.  Incluída a eleição presidencial. Os planos concretos dele são para 2018, salvo emergência de última hora. Os conflitos municipais, assim, serão superados pelas duas agremiações.

É natural que briguem por mais espaço. Ficou claro na eleição que o PT não quer dar ao PSB o direito de crescer. E se deu mal com isso.

Em Recife, o PSB surrou o PT e ganhou a eleição no 1º turno. Vitória importante. Mais emblemática do que política. No geral, o desempenho do PSB foi muito bom. Partiu, no entanto, de um ponto muito baixo. Em termos de vereadores eleitos, os números do partido ainda são modestos. Nesse ranking, ocupa somente o 6º lugar, com cerca de 6% de um universo dos quase 60 mil no país. Mas haverá, em 2016, uma eleição municipal antes da presidencial de 2018. Será uma oportunidade para o PSB ganhar musculatura para voos mais altos.

Que caminho o PSB seguirá no pós-lulismo?

Excetuadas as coligações locais, o partido namora aliados ao centro e à direita.
Trata a esquerda com descaso. Campos, na prática, tem se mostrado conciliador. A pretensão de evitar conflitos é o mote dele. Ora afaga FHC, ora elogia Dilma. Enaltece a liderança de Aécio Neves e manifesta “respeito” a Lula. Agora anuncia que buscará alianças com o PSDB para acabar com o duelo político de quase 20 anos entre Lula e FHC.

Afinal, ele é neto de Miguel Arraes ou de Tancredo Neves?

É bom lembrar que Arraes, avô de Eduardo, e Tancredo, avô de Aécio, não eram vinho da mesma pipa. Não conseguiram conviver politicamente sob o mesmo teto. Ou seja, no velho e aguerrido MDB que lutava contra a ditadura equilibrando-se entre “autênticos” (Arraes) e “moderados” (Tancredo).

É famosa, e definitiva, a retumbante frase de Tancredo que marcou o afastamento entre eles: “O meu MDB não é o MDB de Arraes”.

Tancredo saiu e fundou um partido político. Posteriormente ingressou no PMDB. Nessa espécie de MDB “descafeinado” construiu o caminho até a presidência sob o princípio da conciliação: um arco político de A a Z.

Esse é o caminho que torna impossíveis mudanças mais profundas. Ou seja as transformações que produzem mudanças para tudo ficar a mesma coisa.

Os dois governos Lula e o governo Dilma enfrentam esse problema. O arco político também é amplo. Apoiados pelo PT, partido numericamente forte  conseguiram, no entanto, driblar parcialmente esse obstáculo e se diferenciaram pelo forte viés social. Assim, às duras penas, abriram o caminho do crescimento com distribuição.

Os incluídos não aceitarão retrocesso e nenhum governo poderá voltar ao que havia antes. Um país que crescia, não distribuía e atendia apenas um terço da população.