A Casa Grande sempre tem candidato. Aécio é clone do FHC
Amigo navegante baiano conta que num jantar de fim de ano com jornalistas, o Governador Jacques Wagner teria dito que o Aécio não chega a 2014.
Outro navegante amigo conta que o Aécio reuniu em seu domicílio para a política e outras atividades (no Rio), o Farol de Alexandria, aquele que iluminava a Antiguidade e foi destruído num terremoto (chamado Lula), e economistas do Plano Real, aquele do presidente Itamar.
Lá estavam o Edmar Bacha, o Pedro Malan, o Armínio Fraga - o dos juros de 45%.
Faltaram a Urubóloga - a mais alta pensadora que o neolibelismo (*) brasileiro conseguiu produzir - e o Pade Padim Cerra.
Cerra não deve ter ido porque ele combateu o Plano Real e acusava o Malan de praticar o "populismo cambial" ( é o que os jornalistas que o tratam de "Serra" espalhavam - porque ele próprio não tem nada a declarar, há muito tempo.)
Percebe-se aí a armadilha que o FHC monta para o Cerra.
E para o Aécio.
FHC só pensa em FHC.
É a sua forma de ser patriota.
Como se sabe, nas campanhas de 2002, quando foi fragorsamente derrotado pelo Lula, e em 2010 - quando a Dilma lhe aplicou a mesma tunda - Cerra fugiu mais do FHC do que do Amaury.
Ele, que privatizou a Light, entregou a Vale pelo preco de dez mil reis de mel coado - segundo o insuspeito testemunho do FHC em vídeo -, defendeu as privatizações com o mesmo ardor com que torceu pelo Corinthians em Yokohama.
Cerra renega o legado do FHC.
Não por ideologia ou por doutrina.
Por interesse eleitoral.
Sabe que as privatizações não rendem voto nem na BM&F.
O que fez o FHC?
Pendurou a privatização no pescoço do Aécio.
É porque, como diria o Malan das ideias do Cerra - o que o PSDB tem de novo (por exemplo, combater a redução da tarifa de energia) não presta.
E o que presta não é novo.
O PSDB do FHC esgotou o estoque de mágicas.
Não tem uma ideia nova desde que se conheceu o "Consenso de Washington", do Williamson.
Sobrou o PRP, a UDN, o Merval e o Supremo.
Aí reside a força do PSDB.
Sim, porque mesmo que a economia não marche em ritmo de Pibão, o Aécio não tem o que propor em lugar da Dilma.
Clique aqui para ler "Dilma celebra os 10 anos do PT: o combate à desigualdade como política de Estado".
O patrimônio político do PT, da Dilma e do Lula dá para enfrentar os pibinhos que a Urubóloga celebra.
O patrimônio político do choque de jestão em Minas tem a densidade de um pão de queijo (frio).
O Jacques Wagner tem razão.
Aécio não chega lá.
Porque, como sabe o FHC, que soube explorar isso, São Paulo não quer.
São Paulo nao vai entregar a rapadura a Minas.
Washinton Luis não angole Antonio Carlos.
Aécio não tem a grana nem o PiG (**) do Cerra.
E a campanha do PSDB continuará sem ideias.
Ou melhor: terá as ideias do Cerra.
As ideias e os métodos.
As ideias, desconhecidas.
Os métodos, os de sempre, já conhecidos, como uma bolinha de papel.
A Casa Grande sempre terá candidato.
E, se tiver sorte, 30% dos votos válidos.
Mas, no Datafalha e no Globope sairá na frente !
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.