Lambanças do Ataulfo. Ah, essa falsa cultura !
Saiu na colona (*) do Ataulfo Merval de Paiva (**):
Erro de poeta
A nota oficial do TSE sobre o plebiscito atribui o verso “Cuidado por onde andas, pois é sobre meus sonhos que caminhas" a Carlos Drummond de Andrade, mas o crítico literário e poeta Antonio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras, garante que Drummond, uma de suas especilidades, não é o autor. Na verdade a autoria é do poeta inglês a W.B. Yeats (1865–1939), como vários leitores me avisaram
"Espalhei meus sonhos aos seus pés. Caminhe devagar, pois você estará pisando neles".
- I have spread my dreams under your feet; Tread softly because you tread on my dreams.
- Later poems - Página 41, William Butler Yeats - Forgotten Books, 1924,
Pior a emenda que o soneto.
Yeats não é inglês.
É irlandês …
Nasceu em Sandymount, perto de Dublin, capital da Irlanda.
O poema “He wishes for the cloths of heaven” não integra a coletânea ”Later Poems”, como diz o Ataulfo, mas “The wind among the reeds”, de 1899.
Faz parte do início da magistral obra de Yeats.
E, não, da “late”.
O poema, na íntegra, é:
HAD I the heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.
Bem que ele poderia pedir ao Fernando Henrique para traduzir.
Em tempo: “ah !, essa falsa cultura !” foi um bordão do Millôr Fernandes para tratar de personagens como o Ataulfo e o Farol de Alexandria. Millôr nunca foi da Academia.
Paulo Henrique Amorim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".