Boliviano: Eduardo e Aécio ficam do mesmo tamanho
A propósito da fuga do boliviano Roger Molina, com a cumplicidade do diplomata encarregado de negócios em La Paz, Eduardo Saboia, Eduardo Campriles e Aécio Never ficaram do mesmo tamanho.
Da dimensão de “poetas estaduais”, diria o Carlos Drummond de Andrade, um mineiro federal.
Mostraram que são da mesma natureza do Álvaro Dias, o Catão dos Pinhais – outro “estadual”.
Quer dizer: são trombones do PiG (*).
Bem que o PiG (*) tenta transformar Molina e Saboia em dois Heróis dos Direitos Humanos.
O Conversa Afiada sempre desconfiou disso: percebeu a intromissão do bico do tucano.
E se o Molina fosse um condenado pela Justiça – como é –, mas leal e fiel aliado do Evo Morales ?
É uma pergunta capciosa como aquela outra: e se os médicos cubanos fossem americanos ?
O que diria o Ataulfo (**) ?
Um absurdo !
Onde já se viu uma coisa dessas ?
Um diplomata criptocomunista a dar fuga a um comunista explícito, à custa de supostos Direitos Humanos.
Bem que o Saboia com aquela barbicha de petista não enganaria o Ataulfo, sempre arguto !
O Eduardo dos administradores de mega fortunas, e do apoio da UDR, deve ter lido o Ataulfo e bingo !
Vou ser o Álvaro Dias de Pernambuco !
E deu apoio ao diplomata.
Assim, como o Aécio, em nota oficial, segundo a pág. 4 do Globo, a mesma do Ataulfo.
Os dois vão ficar do mesmo tamanho.
É uma marquetagem de quinta categoria.
Estão a escovar as botas do PiG (*).
O que está em jogo não são Direitos Humanos – leia “Dilma e o DOI-CODI”- ou se o Saboia é cripto petista ou cripto tucano.
O senhor Saboia agiu por conta própria.
À revelia do ministro e da Presidenta.
E pronto.
Tomou o carro e partiu.
Onde é que já se viu encarregado de negócios mandar na embaixada, sem consultar os superiores ?
(Sobre o ex-embaixador, que ia para a Suécia, são outros quinhentos …)
Quer dizer que, se fossem presidentes, o Eduardo e o Aécio permitiriam que encarregado de negócios mandasse no pedaço.
E se fosse um General ?
Um coronel, que resolvesse sair por aí a tomar decisões sem consultar o Ministro.
Vamos supor que o chefe de batalhão do Exército, baseado em Recife, resolvesse fechar o porto de Suape, porque vai receber uma refinaria – de Abreu e Lima - de que um regime comunista – o venezuelano – é sócio .
Tudo bem, Eduardo ?
No seu Governo, coronel poderia fazer política externa ?
Rasgar contrato da Petrobras com a PDVSA ?
Em nome da Democracia ?
E encarregado de negócios ?
Seria o caso de fazer uma consulta aos secretários de Aécio e Eduardo, em Minas e em Pernambuco, e averiguar o grau de autonomia de que usufruem.
Como diria o Chico, essa rapaziada estadual fala grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".