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Pérolas do Príncipe: nós e eles

Como o Príncipe teorizou o Caixa Dois.
publicado 03/09/2013
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O Conversa Afiada inicia hoje a trepidante série 'Pérolas do Príncipe'.

Trata-se de uma sequência de textos que destacam os pontos altos da intrigante trajetória de Fernando Henrique Cardoso, brilhantemente descrita por Palmério Dória em seu livro “O Príncipe da Privataria”.

Clique aqui para ler "Quem é o Sr X que gravou a compra da reeleição de FHC".

Como parece mais conveniente, começamos essa série pelo começo.

A “Nota do Editor”, assinada pelo publisher da Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato.


Conta Emediato na introdução do livro: “Em meados do governo Collor, no primeiro trimestre de 1991, quando o controvertido e incômodo amigo do presidente, Paulo César Farias, já se tornara conhecido no meio político e empresarial, a atriz e empresária Ruth Escobar – adida cultural do governo em San Francisco, na Califórnia – ali promoveu um seminário sobre cultura brasileira, com apoio do Itamaraty e da empresa Hidrobrasileira [guarde esse nome], de Sergio Motta, o principal amigo de Fernando Henrique Cardoso.

Participei deste seminário, viajando com recursos próprios da entidade privada para qual eu prestava consultoria. A variada e numerosa “troupe”, levada graciosamente em classe executiva pela Viação Aérea de São Paulo – VASP, recém-comprada por Wagner Canhedo, que depois faliu, era composta entre outros, pelo então senador Fernando Henrique Cardoso, do PSDB e sua esposa Ruth, pelo senador Eduardo Suplicy, do PT e sua então esposa Marta, o sociólogo Bolívar Lamounier, o economista João Sayad, um dos autores do Plano Cruzado, o deputado José Fogaça do PMDB gaúcho, o sindicalista Luiz Antonio Medeiros, da recém fundada Força Sindical, o patrocinador Sérgio Motta e sua esposa Wilma, a agitadora cultural Lulu Librandi e algumas socialites paulistanas.

A festa cultural durou uma semana, ao longo da qual Fernando Henrique, com seu inglês esplêndido, discursou no campus de Berkeley, da Universidade da Califórnia, sobre as especificidades da democracia brasileira. De público, falou o que podia falar sem escândalo.

No entanto, numa manhã tediosa em que José Fogaça, em inglês macarrônico, falava algo ininteligível para americanos e brasileiros, Fernando Henrique levantou-se conosco e foi pro fundo da sala. Ali, de frente para mim e ao lado de Bolívar Lamounier, falou um pouco sobre o governo Collor e as principais denúncias de corrupção. O nome de PC Farias surgiu e, sem que ninguém o provocasse, Fernando Henrique defendeu que era urgente uma nova lei eleitoral.

De forma clara e sem censura, falou sobre o financiamento das campanhas eleitorais por empresas privadas, com recursos não contabilizados – caixa 2 – e admitiu que nenhum partido e nenhum candidato podia naquela época prescindir desse recursos ilegais.  E observa:

- Assim é, mas a diferença entre nós e ‘’eles’’ é que nós gastamos o dinheiro nas campanhas, enquanto eles enfiam uma boa parte nos próprios bolsos.”


Há controvérsias quanto às diferenças entre o que na verdade são: “eles” e “eles”.

Um nome que vem à mente quando se trata dessa suposta diferença na gestão do Caixa Dois é Ricardo Sérgio de Oliveira.

Um nome do qual Palmério trata com especial cuidado nas páginas que se seguem.

Mas isso é tema para a próxima 'Pérola do Príncipe'.

Murilo Silva, editor do Conversa Afiada.