O “volta, Lula” e as ausências do “vem, Aécio” e “vai, Dudu”
O Conversa Afiada reproduz texto de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:
O “volta, Lula” surge porque não há o “vem, Aécio” ou o “vai, Dudu”
Ao comentar o resultado do Datafolha atribuindo uma queda de seis pontos percentuais na intenção de votos da Presidenta , aqui, escrevi que Dilma perde votos para… ninguém.
Essa é, sem dúvida, a mais importante constatação dos números, mesmo sabendo que eles são, como todas as pesquisas de intenção de votos no Brasil, dados a uma marotice.
E foi o bastante para que colunistas da nossa mídia, que julgam a política pelos seus próprios valores, reacenderem a tese de que o adversário de Dilma, para valer, é o ex-presidente Lula, que estaria, segundo escreve Ricardo Noblat, como uma aranha ao ponto de devorar a candidatura de sua candidata…Merval Pereira também se dirige a este caminho, ao dizer “que, no momento, por paradoxal que pareça, o símbolo da mudança por que tanto anseiam os brasileiros é o ex-presidente Lula”.
Ora, a menos que tivesse acontecido um desentendimento brutal entre ambos – e isso seria impossível de esconder – isso seria atribuir a ambos uma incapacidade de raciocínio que foge ao razoável, mesmo sem entrarmos no subjetivíssimo campo da análise de caráter, que é por onde incursionam estas análises.
Vou tentar analisar isso, com o mínimo deste subjetivismo, para que busquemos ver as reais intenções deste processo de lançamento de “factóides”.
Pode-se argumentar que criador e criatura frequentemente caminham para um conflito, e é verdade que existiram vários, nos bastidores, como é normal nas relações políticas, humanas que são.
Pensar também que Dilma, uma mulher acostumada ao comando, teria a veleidade de impor a si mesma como único caminho de manter o poder das forças que governaram com Lula.
Ou que Lula, como todo líder político, possa ter apetites de voltar a exercer, diretamente, o poder.
Mas é, independente das análises que se possa fazer sobre os desejos de ambos, a política é feita de fatos.
Um Dilma que desejasse continuar a qualquer preço não teria esticado a corda como esticou com o PMDB.
Se quisesse estabelecer “diferenças” com Lula teria feito isso nos seus melhores momentos, não agora.
Um Lula que desejasse começar a esgarçar sua relação com Dilma estaria soltando farpas, não apoios à Presidenta.
Desavenças entre políticos sempre aliados têm um tempo de maturação até que se tornem irreconciliáveis e Lula, experiente, sabe disso.
A rigor, ele tem todo o direito e capacidade para, se achar necessário, ocupar o lugar de candidato e isso seria algo a que Dilma não poderia, com suas próprias forças políticas, resistir.Então, porque ex-presidente não demonstra que, como sugere Noblat, “com poucos telefonemas, se quisesse (…) enterraria de vez o movimento “Volta, Lula”?
Só se Lula não fosse o experiente político que é.
O “Volta, Lula” é um tiro no pé da direita.
Em condições normais de campanha, como a que temos até agora, só legitima e fortalece seu papel, outra vez, de grande eleitor, como a própria pesquisa Datafolha indica.
Em condições emergenciais, se a sabotagem e o terrorismo econômico que ele próprio, Lula, tem se dedicado a denunciar, conseguir um improvável sucesso, aumenta imensamente o seu
cacife político como ”arma do juízo final” sobre as pretensões oposicionistas.
Lula deve estar se divertindo ao ouvir as raposas elogiarem sua plumagem enquanto salivam de apetite por devorar seu projeto.
Vendo a pífia oposição brasileira, incapaz até de ter candidato, “eleger” como sua maior esperança eleitoral aquele que é seu maior algoz.
Clique aqui para ler "FHC vai ao palanque do Aécio. Ôba !"
Aqui para "Por que o Datafalha não pergunta Lula vs FHC ?"
Aqui para "Dilma e Lula seriam eleitos no 1º turno"
E aqui para "Perguntinhas ao Datafalha e ao Globope"