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Caetano vota em Dilma ? É o confusionismo calculado

"Não tenho rejeição íntima (sic) aos neolibelês".
publicado 04/08/2014
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Foi o respeitado crítico Roberto Schwarz quem desmontou a “desfaçatez camaleônica” de Caetano Veloso:

A “desfaçatez camaleônica” de Caetano. E como FHC o amansou

Schwarz também descreve em Caetano “a autoindulgência desmedida, o confusionismo calculado”.

Caetano vai deixar de ser colonista (*) de O Globo.

Cedeu o lugar a Fernando Gabeira, que  tem tudo de confuso e mais ainda de calculado.

A propósito desse momento histórico – Caetano deixa, provisoriamente, as páginas de O Globo, porque, como diz, tem mais o que fazer - o Globo lhe oferece duas páginas para explicar … tudo !

(Imagine se o Ataulfo Merval (**) tomasse a mesma decisão – o Globo lhe dedicaria a edição inteira, até o Horóscopo.)

A entrevista copiosa é um templo ao que Millôr Fernandes chamava de “ah, essa falsa cultura !”.

(Este ano, a Flip, que o PiG (***) transformou no McDonald's da Literatura, presta homenagem a Millôr.)

Imagine, amigo navegante, que Caetano diz que leu até “mais da metade” o livro do Piketty, “O Capital no Século XXI”, porque “me interessa a questão da concentração da renda” !

Formidável !

Que coração, que generosidade !

Na mesma linha do “confusionismo calculado”, ele diz: “não tenho rejeição íntima (sic) aos economistas liberais que os cercam (Aécio e Eduardo)”.

Ainda sobre  a falsa cultura, um exemplo interessante é a observação “comprei 'O Banquete' de Platão: queria reler (sic) na versão da Universidade do Pará”.

Os teóricos neo-com americanos, invasores do Iraque, descendentes diretos de Platão, provavelmente não conhecem a “versão da Universidade do Pará” -  mas ele ...

E, por falar em “confusionismo calculado”, ele adora “a clareza” dos textos de Mangabeira Unger.

É provavelmente o único.

A entrevista resulta numa atualização, tipo “Vaca Profana”, de suas mais profundas e recentes meditações.

Onde não poderiam faltar considerações de superior “clareza” sobre a eleição presidencial.

Ele gosta de Eduardo, “que conheci desde criança” (sic) e gosta também de Aécio – e seus neo-libelês.

Mas, como teme que os dois detonem o Bolsa Família, o que “pode dividir o Brasil ao meio”, “ainda não sei em quem votar, mas poderia (sic) votar em Dilma só por isso”.

Como se sabe, em 2006, Caetano votou em Lula no primeiro turno e em Alckmin no segundo.

“Auto-indulgência desmedida” ou “confusionismo calculado” ?

Ou, apenas, um camaleão ?

Em tempo: Caetano parece ter uma fixação (ele relê Freud, segundo a entrevista) em Mino Carta e na Carta Capital. Diz que a Carta Capital é “a Veja do Lula”. O que seria tão impreciso quanto dizer que o Caetano é o Ney Matogrosso do Scala.

Em tempo2: Caetano diz que respeita e até admira “o marxismo de um (sic) Roberto Schwarz”. “Camaleão” é pouco, Roberto !


Paulo Henrique Amorim


(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.