Brasil

Você está aqui: Página Inicial / Brasil / 2014 / 09 / 02 / Collor conta como caiu. Como Bláblá

Collor conta como caiu. Como Bláblá

Ele também se achava a encarnação da "nova politica", "acima da Politica"
publicado 02/09/2014
Comments

 

 

 

O Conversa Afiada reproduziu em 29/5/2012 - http://www.conversaafiada.com.br/video/2012/05/29/60017/ - entrevista do ansioso blogueiro com o Senador Fernando Collor, para a RecordNews.

Aí, Collor admitiu: caiu porque adotou o estilo (bláblárinico) do “eu sozinho”.

Collor chegou ao poder também com uma “nova política”, contra os Marajás, acima dos partidos, contra a política, contra “isso que está aí”, e achou que governava sem o Congresso, direto com a opinião publica – por meio do PiG.

Nessa entrevista, ele conta que o menosprezo pelo Legislativo e a arrogância vinham lá de trás, quando prefeito de Maceió e Governador de Alagoas.

As duas experiências pareciam confirmar que a onipotência se justificava.

Onipotência reforçada pela eleição, claro.

Ele pagou caro  e o Brasil também.

Entre as duas experiências há uma diferença importante: Collor chegou ao poder com o apoio irrestrito do PiG.

Hoje, depois de inebriados pelo veloriomício - a Cristina Globo quase leva o ansioso blogueiro a lágrimas torrenciais – o PiG (*) e seus colonistas (**) estão presos a dúvida cruel.

Amigo navegante, contemple, o coitado do Ataulfo Merval (***), o último dos tucanos.

Ele não confia naquela que o professor emérito diz que “não regula bem”.

O Globo vai ao ataque, no vácuo do Fernando Brito e denuncia o “ar de lama", que cerca aquele jatinho sem dono.

(Como diz amigo navegante, o jatinho sem dono vai ser o Fiat Elba da Bláblá...)

Mas, a entrevista franca de Collor é, nessa altura, uma contribuição importante ao debate político do país:


Collor admitiu que a “arrogância” o fez ignorar o Congresso Nacional e que foi essa falta de apoio a verdadeira razão para sua queda.

— O que na realidade causou a minha saída da presidência da forma como se deu foi a falta de sustentação política no Congresso Nacional. Embora sendo de uma família uma parte política outra parte de diplomatas… Mas na questão política eu não havia aprendido uma coisa: que era o respeito e atenção que o chefe do Poder Executivo deve ter com o Poder Legislativo.

Ele afirmou que essa não havia sido a primeira vez em que ignorou o Legislativo. Ele já havia feito o mesmo quando foi prefeito de Maceió e governador de Alagoas.

— Não dei a atenção devida. [...] Saí do governo [estadual], me elegi presidente e aquilo foi sedimentando em mim algo nocivo. A arrogância também [...] um certo sentimento de superioridade em relação aos seus semelhantes, que é um erro terrível do qual eu me penitencio sempre.


Não deixe de ver que a Dilma já comparou Bláblá a Collor e Jânio.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".