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CNV: Operação Condor usou esquadrões da morte para assassinar

No dia da entrega do relatório da Comissão Nacional da Verdade, Levante sai às ruas reivindicando justiça
publicado 10/12/2014
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O Conversa Afiada reproduz do Opera Mundi:

 

 

Relatório da CNV: Operação Condor usou esquadrões da morte para assassinar opositores


Cooperação entre governos ditatoriais da América do Sul também foi responsável pela morte de dois ministros chilenos



A Operação Condor, cooperação entre regimes autoritários da América do Sul na década de 1970 para assuntos relacionados ao “combate à subversão”, fez uso sistemático de esquadrões da morte e sindicatos do crime, em "clara situação de terrorismo de Estado". Essa é uma das conclusões de relatório da CNV (Comissão Nacional da Verdade) entregue à presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (10/12).



De acordo com o documento oficial, que tem dois capítulos sobre a violação de direitos humanos de brasileiros no exterior e a aliança entre as ditaduras do Cone Sul, a Operação Condor foi oficializada no final de 1975, em uma reunião na cidade de Santiago, no Chile, da qual participaram seis países (Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai).



O relatório, porém, apresenta indícios de que essa cooperação já existia dois anos antes desse encontro.



Para os pesquisadores da CNV, a Operação Condor foi realizada em três fases: na primeira, “houve a formalização da troca de informações entre os serviços de Inteligência, com a criação de um banco de dados sobre pessoas, organizações e outras atividades de oposição aos governos ditatoriais”; na segunda, “aconteceram operações conjuntas nos países do Cone Sul e a troca de prisioneiros, mobilizando agentes da repressão local envolvidos na localização e prisão de opositores caçados por governos estrangeiros”; já a última fase “consistiu na formação de esquadrões especiais integrados por agentes dos países-membros, assim como por mercenários oriundos de outros países (neofascistas italianos e cubanos anticastristas), que tinham por objetivo a execução de assassinatos seletivos de dirigentes políticos”.



O relatório ainda classifica esse último momento da Operação Condor como o “mais arrojado e secreto”. Entre os mortos desta fase estão dois ministros chilenos, sendo que apenas um dele teve o nome divulgado: o ex-chanceler Orlando Letelier, ”morto por atentado a bomba executado por agentes da Dina em Washington, em setembro de 1976.” A Dina (Departamento Nacional de Inteligência) era uma espécie de SNI (Sistema Nacional de Informações) chileno.



O trabalho divulgado hoje também apresenta uma lista de 377 militares, policiais e ex-agentes do Estado acusados pelos crimes cometidos durante a ditadura brasileira. Um dos mais conhecidos é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que teve atuação destacada na Operação Condor. Entre dezembro de 1974 e dezembro de 1977, Ustra foi chefe do Setor de Operações do CIE (Centro de Informações do Exército), considerado “braço brasileiro da Condor”.



Além disso, a comissão também divulgou outra lista, com os nomes de 434 mortos e desaparecidos políticos, em ordem cronológica. Leia aqui a íntegra do relatório.




Em tempo: Do Levante:



No dia da entrega do relatório da Comissão Nacional da Verdade, Levante sai às ruas reivindicando justiça



Em abril de 2012, jovens de oito estados do Brasil saíram às ruas em uma ação simultânea para denunciar torturadores que atuaram durante a ditadura militar, período sequer vivenciado por eles. Essa geração, nascida em sua maioria entre os anos 1980 e 2000, se levantou por memória, verdade e justiça, por entender que a democracia de hoje foi conquistada às custas de muito sangue.



Ainda pouco conhecidos na época, os tais jovens do Levante Popular da Juventude mostraram que o recente passado da ditadura militar no Brasil ainda se mostra vivo. Escrachando ex torturadores, o movimento ganhou muito mais do que ampla projeção nacional: conseguiu reativar os debates sobre esse passado escondido nos porões do país, além de impulsionar a instauração da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em maio de 2012.



Desde então, os arquivos da ditadura vem sendo abertos, sendo possível presenciar a memória viva de militares e ex presos polílitos através de emocionantes depoimentos. O depoimento do ex-agente do CIE, Paulo Malhães, destaca-se como um dos mais acessados no canal da CNV no Youtube. Indagado sobre quantas pessoas ele teria matado, Magalhães afirma: “Tantos quantos foram necessários”. Magalhães ainda justifica dizendo que “a tortura em elemento de grande periculosidade é válida para extrair informações”.



Hoje, outro importante passo será tomado na luta por memória, verdade e justiça. A CNV apresentará seus relatórios em Brasília, juntamente com um conjunto de recomendações ao Estado brasileiro. Para que tais relatórios não tornem-se apenas livros, é necessário que a juventude se coloque novamente nas ruas, exigindo justiça e punição aos agentes da ditadura militar no Brasil.



Em diversos países da América Latina que também compartilham de um passado de ditaduras militares, como o Chile e a Argentina, os torturadores foram devidamente julgados e punidos. Porém, no Brasil os torturadores são amparados pela lei da Anistia, que atualmente iguala vítimas e agentes da ditadura.



Segundo Lira Alli, o relatório produzido pela Comissão Nacional da Verdade, assim como as recomendações ao Estado brasileiro, devem deflagrar um novo período de lutas aos movimentos sociais que atuam contra a impunidade com centralidade na luta pela Justiça.



É por acreditar que somente vamos conquistar justiça no Brasil às custas de muita luta que o Levante Popular da Juventude sai às ruas novamente nessa importante data para a história do país.



Realizamos ações em Brasília, no Ceará, em Salvador em Recife e outras cidades brasileiros, e sairemos às ruas mais quantas vezes forem necessárias até que essa mancha de sangue seja apagada da história do nosso país.

Thiago Pará, que faz parte da diretoria executiva da UNE e do Levante Popular da Juventude, avalia as ações realizadas pelo movimento na manhã desta quarta feira:  “realizamos ações em Brasília, no Ceará, em Salvador no Recife, no Espírito Santo e em outras cidades brasileiros. Sairemos às ruas mais quantas vezes forem necessárias até que essa mancha de sangue seja apagada da história do nosso país”.


Levante por memoria, verdade e justiça!



Nota assinada por diversos movimentos:


http://www.levante.org.br/nota-publica-pela-punicao-dos-torturadores-da-ditadura-militar/




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