Tortura: Cristina K 7 vs 1 Dilma
O ansioso blogueiro assistiu a impressionante celebração do Dia dos Direitos Humanos no Canal 13, a TV pública da Argentina.
A presidenta Cristina Kirchner e todo o ministério foram inaugurar um moderno hospital na periferia de Buenos Aires, em Torón, a 35 km da Capital Federal.
Solenidade aberta.
Umas duas, três mil pessoas aglomeradas, apertadas, mal sentadas, em pé.
Jovens, idosos, aposentados, mais mulheres que homens.
Muitas faixas, azul e branco.
"Gracias, Cristina", "Sobrevivemos ao horror".
O discurso presidencial era entrecortado de gritos e palavras de ordem eleitoral.
Ela interrompe a narrativa para mostrar num telão imagens da "La Perla", uma casa de campo que os militares transformaram em centro de incineração em Seré.
Ali foram queimadas 28 pessoas, duas já identificadas.
Ela descreve cena a cena o que aparece na tela.
Essas são as fossas onde ficam os restos mortais.
Aqui as câmaras de incineração.
Esse são alguns dos legistas argentinos que trabalham nessa tarefa sobre-humana.
Fazem parte da equipe que está no México para ajudar a identificar os 43 estudantes mortos.
Sentimos orgulho e horror !, diz ela.
No hay que enojarse de quien critica nuestra política de derechos humanos: hay que tener pena !
Ela prossegue com uma serenidade que contrasta com efusiva participação da plateia.
Botamos os militares na cadeia!
Aplausos !
Mas não conseguimos punir os que dirigem as empresas privadas que tanto mal nos fizeram !
Os que se beneficiaram da Economia do horror estão vivinhos e seguem nos saqueando !
Os Direitos Humanos são um pilar fundador do nosso projeto !
Os candidatos à minha sucessão tem que se pronunciar claramente sobre isso: não podem calar-se.
(Ela tem um ano de mandato.)
Esse não é um projeto de Néstor (seu marido, ex-presidente) e eu.
É um trabalho que dá orgulho e reconhecimento internacional a 40 milhões de argentinos!
Aplausos !
É uma Política de Estado !
Nesse ponto ela manda forte abraço a Dilma Rousseff, "encarcerada e torturada" pelos militares brasileiros, porque recebeu de Lula (pequeno equívoco) o trabalho (parcial, mal sabe ela) da Comissão da 1/2 Verdade.
Não há Democracia sem conhecer a Verdade, diz.
Assim como não há Liberdade sem Igualdade.
Sem mobilidade social não há Democracia - e por isso, vim a Morón !
Delírio na plateia !
Cristina ! Cristina !
Logo em seguida, a TV Pública começa a transmitir essa Copa do Mundo para os argentinos, a Sul Americana, que o River Plate conquistou por 2 a 0 contra o Nacional de Medellin.
O estádio Monumental de Nuñez era uma beleza em branco e vermelho.
O garçom corintiano do restaurante próximo ao Obelisco sugere voltar rápido para casa porque Buenos Aires está enlouquecida e o destino é o Obelisco.
De volta, o ansioso blogueiro liga na TV Pública: na rua, na festa.
E uma chamada, para desmoralizar o espectador brasileiro:
"Domingo, em frente à Casa Rosada shows espetaculares para comemorar 31 anos de Democracia !".
E você aí, amigo navegante, sintonizado na Globo.
Quem manda não ser argentino e torcer pelo River !
Azar o seu !
Quanto ao ansioso blogueiro, ele ontem perdeu de 7 a 1.
Paulo Henrique Amorim
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