A obsessão com os ratings. A síndrome do vira-lata !
O ansioso blogueiro recebeu a vista de um passarinho que saiu de Brasília, passou num convescote do João Dória – aquele produtor de vácuo, que apresenta ricos a políticos e políticos a ricos – e pousou aqui na janela de casa.
É que o Ministro Levy foi a uma sessão de masoquismo no João Dória e, como sempre, os ricos da plateia tripudiaram sobre a incauta vítima.
É que os ricos (e empregados de ricos) do Dória preferem o NauFraga, o Aecím e o Farol de Alexandria (ver no ABC do C Af).
Fora desse circuito virtuoso, pau neles !
Vai quem quer, não é isso, amigo navegante ?
Os incautos que pensam que ali está a Burguesia paulista …
O passarinho chegou aqui, cabisbaixo.
Diz que observa uma obsessão na cúpula do Governo, entre o General Assis Oliva (ver no ABC do C Af) e o Ministro da Fazenda.
Uma fixação freudiana.
Não perder o grau de investimento.
Assegurar que o Brasil preserve os ratings máximos, o AAA AAA AAA, das agencias de risco, especialmente da Standard&Poor's e a Moody's.
Pior do que perder o grau de investimento, nem os 7 a 1 !
Seria uma vergonha nacional !
Conta o passarinho verde-amarelo que não se pede um cafezinho na Casa Civil ou no Ministério da Fazenda sem considerar o impacto sobre os AAA: cuidado, vamos perder o grau de investimento !
Não ponha muito açúcar !
Portanto, diz o passarinho, considerações macro-econômicas, as divagações da Urubóloga - que ainda nos deve uma análise da obra do Piketty -, as prescrições ultrapassadas do professor Bacha, ou o dominical receituário do FHC - nada disso tem a mínima importância.
O que interessa são os ratings !
Há na Casa Civil quem sugira que o Brasileirão não seja mais por ponto corrido: mas por ratings !
E quem confere os ratings ?
Empresas americanas que fazem o que se chama de “zé com zé”.
Jogam nas duas pontas.
Ao mesmo tempo em que classificam os riscos para os bancos, trabalham com os bancos.
Um obsceno conflito de interesses.
Na crise de 2008, as agências de risco, especialmente a Moody's e a S&P's foram responsabilizadas por cumplicidade com a roubalheira dos bancos com derivativos de hipotecas.
Basta assistir ao premiado documentário “Inside Job” para ver como essas virginais instituições funcionam.
In the 2000s, the industry was dominated by five investment banks (Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman Brothers, Merrill Lynch, and Bear Stearns), two financial conglomerates (Citigroup, JPMorgan Chase), three securitized insurance companies (AIG, MBIA, AMBAC) and the three rating agencies (Moody’s, Standard & Poors, Fitch). Investment banks bundled mortgages with other loans and debts into collateralized debt obligations (CDOs), which they sold to investors. Rating agencies gave many CDOs AAA ratings. Subprime loans led to predatory lending. Many home owners were given loans they could never repay.
Por causa dessa criminosa associação, a S&P's teve que pagar a suave multa de US$ 1,4 bilhão ao Erário americano, por ENGANAR os investidores !
A S&P's ousou tirar o rating máximo do Tesouro americano !
Quá, quá, quá !
Tomou um pito do Obama, refez as contas e demitiu o Presidente !
Quem leva as agências de risco a sério ?
Os bancos !
Claro, os bancos, sócios das agências de risco.
E a Casa Civil e o Ministro Levy.
E a plateia do João Dória, símbolo da engenhosidade tucana de São Paulo.
Todos eles levam as agencias de risco a sério.
E a crise ?
Que crise ?
Que crise é essa que supostamente sufoca o Brasil e justifica um ajuste no lombo dos pobres?
Crise ?
Pergunta à Itália, à Alemanha, à França, aos Estados Unidos, à Espanha o que é crise…
Saiu hoje, segunda-feira (06/04), a pesquisa Focus do Banco Central, que reúne os palpites – palpites ! - dos representantes - “economistas de bancos”! - de instituições financeiras sobre o que vai acontecer esse ano e ano que vem.
Crise profunda !
Vejam como o ajuste passageiro de 2015 levará ao céu de Brigadeiro de 2016.
E o cambio, amigo navegante ?
O cambio a R$3,30 !
Isso é uma bendição !
As noticias do fim do Governo Dilma são positivamente exageradas …
À Focus, no resumo da newsletter do Bradesco:
O mercado revisou suas expectativas para a taxa de câmbio e de inflação para cima neste ano, conforme apontado pelo Relatório Focus, com estimativas coletadas até o dia 02 de abril, divulgado hoje pelo Banco Central. A mediana das expectativas para o IPCA de 2015 foi revisada para cima, de 8,13% para 8,20%, enquanto para 2016 permaneceu constante em 5,60%. As estimativas de crescimento do PIB para 2015 passaram de uma retração de 1,00% para outra de 1,01% e para 2016 passaram de uma alta de 1,05% para 1,10%. A mediana das projeções para a taxa Selic manteve-se em 13,25% para este ano e em 11,50% para 2016. Por fim, as estimativas para a taxa de câmbio passaram de R$/US$ 3,20 para R$/US$ 3,25 no final de 2015 e de R$/US$ 3,23 para R$/US$ 3,30 no final de 2016.
Quem não chega a 2018 é a Globo !
(Outra fixação freudina da Casa Civil …)
Sem um impítim ...
Em tempo: esse Bessinha ...
Paulo Henrique Amorim