24/V: o AI-5 do Temer
O Conversa Afiada publica artigo mortífero de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
O governo Temer mudou de qualidade hoje. Para pior. Com uma penada, o golpista instalado no Planalto convocou as Forças Armadas para reprimir manifestações. É o 13 de dezembro de 1968 deste governo, data em que a ditadura baixou o infame Ato Institucional número 5. Num ato falho, mas simbólico, a primeira versão do documento trazia como data 24 de DEZEMBRO.
O decreto é assinado por Raul Jungmann e o general Sergio Etchegoyen. O primeiro até outro dia se dizia comunista. Hoje a máscara caiu de vez. Não passa de aprendiz de Kornilov, que defendia o czar e organizou tropas para conter a revolução na Rússia. O general russo chegou a plantar um golpe de Estado e colheu um retumbante fracasso. Foi varrido do mapa, como deve acontecer com Jungmann.
Etchegoyen integra uma linhagem reveladora. Seu avô e seu pai fizeram história como repressores e aliados dos momentos mais sombrios da história brasileira. O general deve estar esfregando as mãos pela chance de entrar na galeria familiar com as mesmas credenciais.
Quem vê nisso uma demonstração de força do governo usurpador está redondamente enganado. Não passa de desespero agonizante de um “presidente” ilegítimo, fantoche da grande mídia e dos tubarões do capital, abandonado até por quem apostou no golpismo.
Temer e o chefete da Câmara que sonha em ocupar o Planalto de bermuda vinho não têm nada a oferecer ao Brasil do povo. Só tiros, bombas e cacetada, além da roubalheira desavergonhada. Foi o que se viu hoje em Brasília frente a uma manifestação pacífica.
A tentativa de reviver a tragédia de 1964/68 está destinada a acabar em farsa. Os motivos saltam à vista. Temer está isolado. Seus principais assessores, tudo gente de “boa índole”, arrepiam carreira ou estão no xadrez. A tal base parlamentar ruiu como um castelo de cartas. O Planalto vive um clima de salve-se quem puder, em que ladrões roubam ladrões e desaparecem até com dinheiro de propina. Mais importante de tudo: as ruas estão cada vez mais cheias.
A sangria só vai acabar quando o povo retomar o direito de eleger diretamente o presidente e um Congresso dignos desses nomes.