À Justiça, Bolsonaro se recusa a mostrar provas da "fraude" nas eleições de 2018
(Alan Santos/PR)
O governo de Jair Bolsonaro, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), não apresentou à Justiça qualquer prova para sustentar as declarações do presidente de que houve fraude na eleição de 2018. Em viagem aos Estados Unidos em março, ele disse ter evidências de que teria vencido o pleito em primeiro turno. “Eu acredito que, pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude. E nós temos não apenas palavra, nós temos comprovado. Brevemente eu quero mostrar, porque nós precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes”, afirmou na ocasião.
A partir de ação popular protocolada em 30/IV pelo deputado federal Célio Studart (PV-CE), o juiz José Vidal Silva Neto havia dado o prazo de cinco dias para que a defesa de Bolsonaro apresentasse informações sobre as suspeitas levantadas. Sem se manifestar especificamente sobre a questão, a AGU afirmou que a ação proposta pelo parlamentar é inadequada. A defesa também considerou que há “ocupação indevida do cenário judicial com questões políticas”.
Além de não apresentar as provas, a defesa tentou, de modo no mínimo curioso, impor ao deputado a desconfiança nas instituições, em especial na Justiça Eleitoral. “Os Poderes Constitucionais, em seus respectivos âmbitos de atuação, estão funcionando plenamente, sem quaisquer debilidades. É notória a atuação constante dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, notadamente no delicado momento pandêmico que atravessa o país”, disse a AGU.