Altman: o que muda com a pesquisa do IBOPE?
O PT tem que manter a calma e levar Haddad ao 2º turno!
publicado
06/09/2018
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Por Breno Altman, no Opera Mundi:
A pesquisa do Ibope, divulgada na noite de ontem, deve ser recebida com tranquilidade pelos petistas. Tranquilidade e sangue frio.
Os resultados eram previsíveis: Bolsonaro com 22%, Marina e Ciro com 12%, Alckmin com 9% e Fernando Haddad com 6%. Na prática, pouco mudou, em termos de equilíbrio relativo, se essa pesquisa for comparada com as anteriores, do mesmo instituto, em cenários sem Lula.
Cada candidato mais relevante, com exceção de Marina, cresceu entre 2 e 3%, recebendo uma fração espontânea de eleitores lulistas que já estão informados da impugnação decidida pelo TSE no último dia 31, mas ainda não têm conhecimento de qual a candidatura que será defendida pelo ex-presidente.
Os votos nulos, brancos e indecisos continuam elevados, na casa dos 28%, com uma queda da ordem de 6% que equivale quase exatamente ao lote de votos que se redistribuiu entre os cinco melhores colocados.
Trata-se de um período de transição. Enquanto todos os postulantes já estão abertamente na pista, o PT luta pelo direito democrático do seu líder histórico ser candidato. Se a mesma pesquisa tornasse público o resultado do cenário com Lula na cédula, ficaria claro que a tática petista continua a funcionar mesmo depois da decisão do TSE e do início do programa eleitoral gratuito, com Lula ultrapassando os 40% das intenções de voto.
Se o PT for realmente obrigado a trocar de candidato, a partir de uma orientação pública e contundente do ex-presidente, nesse momento o cenário irá mudar completamente.
Ainda teremos uma ou duas semanas de certa dispersão do voto petista, com todos seus adversários ganhando algum contingente desse setor, particularmente Ciro Gomes, mas a inversão de tendência logo se fará sentir.
Claro que o antipetismo tudo fará para estimular desânimo e confusão nas fileiras lulistas. A realidade, porém, logo se imporá. Quando a palavra de Lula se espalhar pelo país, a máquina eleitoral petista se colocar em movimento e o PT tiver explicitamente um novo candidato, a situação se reverterá em menos de três semanas.
Um cálculo razoável aponta que, ao redor do dia 25/9, pouco mais de dez dias antes das eleições, Haddad estará com uma intenção de voto entre 22 e 25%, Bolsonaro continuará entre 18 e 20%, Alckmin entre 13 e 15%, Marina e Ciro entre 11 e 13%.
A base dessa conta é simples: quinze dias é o tempo necessário para a propaganda e a mobilização transferirem para Haddad os 60% de eleitores lulistas dispostos a acatar uma indicação aberta de seu líder.
Os demais 40% se dividirão entre outras candidaturas e, majoritariamente, comporão a cesta dos votos nulos e brancos, que serão arduamente disputados nos últimos dez dias de campanha.
Nessa frente, por razões óbvias, Haddad terá claras vantagens e poderá chegar ao segundo turno próximo dos 30%. Essa tendência tem, como maior risco, eventual rejeição de Haddad por uma fatia expressiva do eleitorado petista, se não o entendê-lo como leal a Lula ou suficientemente confiável para implantar o projeto representado pelo ex-presidente.
O PT, no entanto, já está cansado de saber quais os custos a pagar quando se deixa levar, no intuito de “ampliar” simpatias, pela diluição da identidade popular e pelo arrefecimento da polarização. Pesquisas também dão o mapa da estrada: a transferência, se necessária, será facilitada a partir de uma postura pela qual Fernando Haddad seja visto como o caminho para Lula ser libertado e governar o país.
Parafraseando os peronistas de 1973, na Argentina, se a clara consigna da campanha for “Haddad ao governo, Lula ao poder”.
No mais, os únicos fatos relevantes da pesquisa do Ibope são a estabilidade de Bolsonaro como o nome da direita para o segundo turno e o contínuo raquitismo de Geraldo Alckmin.
Tudo indica, para a segunda volta, uma disputa sangrenta entre civilização e barbárie. Entre o PT, com Lula ou Haddad, e o neofascismo tão ao gosto das oligarquias.
Os resultados eram previsíveis: Bolsonaro com 22%, Marina e Ciro com 12%, Alckmin com 9% e Fernando Haddad com 6%. Na prática, pouco mudou, em termos de equilíbrio relativo, se essa pesquisa for comparada com as anteriores, do mesmo instituto, em cenários sem Lula.
Cada candidato mais relevante, com exceção de Marina, cresceu entre 2 e 3%, recebendo uma fração espontânea de eleitores lulistas que já estão informados da impugnação decidida pelo TSE no último dia 31, mas ainda não têm conhecimento de qual a candidatura que será defendida pelo ex-presidente.
Os votos nulos, brancos e indecisos continuam elevados, na casa dos 28%, com uma queda da ordem de 6% que equivale quase exatamente ao lote de votos que se redistribuiu entre os cinco melhores colocados.
Trata-se de um período de transição. Enquanto todos os postulantes já estão abertamente na pista, o PT luta pelo direito democrático do seu líder histórico ser candidato. Se a mesma pesquisa tornasse público o resultado do cenário com Lula na cédula, ficaria claro que a tática petista continua a funcionar mesmo depois da decisão do TSE e do início do programa eleitoral gratuito, com Lula ultrapassando os 40% das intenções de voto.
Se o PT for realmente obrigado a trocar de candidato, a partir de uma orientação pública e contundente do ex-presidente, nesse momento o cenário irá mudar completamente.
Ainda teremos uma ou duas semanas de certa dispersão do voto petista, com todos seus adversários ganhando algum contingente desse setor, particularmente Ciro Gomes, mas a inversão de tendência logo se fará sentir.
Claro que o antipetismo tudo fará para estimular desânimo e confusão nas fileiras lulistas. A realidade, porém, logo se imporá. Quando a palavra de Lula se espalhar pelo país, a máquina eleitoral petista se colocar em movimento e o PT tiver explicitamente um novo candidato, a situação se reverterá em menos de três semanas.
Um cálculo razoável aponta que, ao redor do dia 25/9, pouco mais de dez dias antes das eleições, Haddad estará com uma intenção de voto entre 22 e 25%, Bolsonaro continuará entre 18 e 20%, Alckmin entre 13 e 15%, Marina e Ciro entre 11 e 13%.
A base dessa conta é simples: quinze dias é o tempo necessário para a propaganda e a mobilização transferirem para Haddad os 60% de eleitores lulistas dispostos a acatar uma indicação aberta de seu líder.
Os demais 40% se dividirão entre outras candidaturas e, majoritariamente, comporão a cesta dos votos nulos e brancos, que serão arduamente disputados nos últimos dez dias de campanha.
Nessa frente, por razões óbvias, Haddad terá claras vantagens e poderá chegar ao segundo turno próximo dos 30%. Essa tendência tem, como maior risco, eventual rejeição de Haddad por uma fatia expressiva do eleitorado petista, se não o entendê-lo como leal a Lula ou suficientemente confiável para implantar o projeto representado pelo ex-presidente.
O PT, no entanto, já está cansado de saber quais os custos a pagar quando se deixa levar, no intuito de “ampliar” simpatias, pela diluição da identidade popular e pelo arrefecimento da polarização. Pesquisas também dão o mapa da estrada: a transferência, se necessária, será facilitada a partir de uma postura pela qual Fernando Haddad seja visto como o caminho para Lula ser libertado e governar o país.
Parafraseando os peronistas de 1973, na Argentina, se a clara consigna da campanha for “Haddad ao governo, Lula ao poder”.
No mais, os únicos fatos relevantes da pesquisa do Ibope são a estabilidade de Bolsonaro como o nome da direita para o segundo turno e o contínuo raquitismo de Geraldo Alckmin.
Tudo indica, para a segunda volta, uma disputa sangrenta entre civilização e barbárie. Entre o PT, com Lula ou Haddad, e o neofascismo tão ao gosto das oligarquias.
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