Autor do impeachment de Dilma fala (de novo!) em interdição para Bolsonaro
Miguel Reale Jr. em 9 de agosto de 2016, logo antes de entrar em sessão deliberativa no Senado acerca do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (Créditos: Pedro França/Agência Senado)
O jurista Miguel Reale Jr., coautor do pedido de impeachment que, em 2016, levou ao golpe contra a presidenta legítima Dilma Rousseff, publicou neste sábado 2/V um artigo no Estado de São Paulo em que, mais uma vez, questiona a sanidade mental do presidente Jair Bolsonaro.
Não é a primeira vez que o jurista do Golpe levanta tal questão: em julho de 2019, Reale chamou Bolsonaro de "um quadro de insanidade". Já em 2020, ele defendeu que o Ministério Público Federal submetesse o presidente à avaliação de uma junta médica para garantir que ele possui todas as faculdades mentais para exercer o cargo - além de afirmar que Bolsonaro "age como um bêbado".
No artigo deste sábado, Reale trata sobre as interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal e também sobre sua insistência em ignorar os perigos do coronavírus.
"Tais comportamentos indicam possível anormalidade de personalidade, a merecer análise médica acurada", afirma o jurista. "Já opinei ser a interdição um caminho eventual para Bolsonaro. Não estava a fazer blague. As atitudes habituais permitem supor possível transtorno de personalidade".
Ele continua: "o transtorno de personalidade antissocial tem por características a 'indiferença insensível face aos sentimentos alheios; uma atitude flagrante e persistente de irresponsabilidade e desrespeito a regras; a baixa tolerância à frustração; a incapacidade para experimentar culpa e propensão a culpar os outros'".
"Poderia haver, eventualmente, transtorno de personalidade paranoide, cujos sintomas seriam, por exemplo, 'combativo e obstinado senso de direitos pessoais; tendência a experimentar autovalorização excessiva e preocupação com explicações conspiratórias'".
Reale conclui: pede atenção para "o comportamento reiterado de Bolsonaro, ao longo do tempo, em favor de situações que geram dor, em apoio a manifestações pelo fechamento do Congresso e do STF, (...) em campanha contra o isolamento social, (...) usando a trágica expressão, “e daí?” acerca do aumento do número de mortes; no gosto pelo aplauso popular. (...) São esses os sinais indicativos de possível enquadramento nas categorias psiquiátricas acima lembradas, o que cumpre ser verificado por experts em medida adotada em defesa do País"".
Em tempo: por qual motivo Reale tanto insiste na questão da interdição de Bolsonaro? É simples, amigo navegante: é que ele já disse que não redigirá qualquer pedido de impeachment...
Em tempo2: leia a íntegra do artigo de Miguel Reale Jr. no Estado de São Paulo.
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