Barroso quer voto distrital em 2020
Um exemplo das distorções causadas pelos distritos eleitorais nos EUA: Austin, capital do Texas, vota tradicionalmente no Partido Democrata. Até 2002, a região era dividida em dois distritos. Em 2004, a Assembleia Legislativa do Texas, controlada pelo Partido Republicano, reorganizou os distritos eleitorais do estado. Como consequência, os votos de Austin passaram a ser contabilizados em três regiões de maioria Republicana. (Reprodução: Wikimedia Commons)
Do Estadão:
TSE propõe voto distrital para vereador já nas eleições de 2020
Um grupo de trabalho coordenado pelo vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, propõe mudar radicalmente a forma de eleger vereadores no ano que vem. Em documento entregue no mês passado para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o tribunal defende adotar, já em 2020, o sistema distrital misto em cidades com mais de 200 mil habitantes. A ideia é separar os município em distritos, que elegeriam seus representantes isoladamente.
(...) O modelo distrital misto, inspirado no sistema adotado na Alemanha, prevê a divisão dos Estados e municípios em distritos eleitorais – dessa forma, os candidatos a vereador em um bairro da zona sul de São Paulo, por exemplo, seriam diferentes daqueles dos eleitores de um bairro na zona norte. A divisão de cada cidade em distritos seria feita pelo próprio TSE, que convocaria audiência pública com representantes dos partidos políticos para definir os critérios e os limites de cada um.
Questionado, o TSE não informou até a conclusão desta edição sobre previsão para a audiência nem sobre estudos envolvendo a divisão das cidades em distritos. Um dos receios é de que a definição dos limites geográficos de cada região beneficie candidatos e leve a distorções no resultado das eleições – nos Estados Unidos, a polêmica chegou à Suprema Corte, que concluiu que não cabe ao tribunal decidir sobre a divisão dos mapas.
(...) Rodrigo Maia, no entanto, disse que vê a mudança no sistema eleitoral como difícil de ser aprovada a tempo de valer para o ano que vem.
(...) Na opinião do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o distrital misto pode criar problemas em algumas cidades, como o Rio. “As áreas de milícia no Rio são enormes, você pode estar legitimando e viabilizando que aqueles grupos que têm o controle territorial tenham o controle também político.” (...)
Em tempo: sobre os problemas da definição dos distritos eleitorais nos EUA, leia mais sobre o conceito de gerrymandering, na Wikipédia em português e também em inglês.
Em tempo2: leia também o que disse Marcos Coimbra sobre o voto distrital no Reino Unido, na Carta Capital em maio de 2015:
Essa é uma daquelas falsas boas ideias que as oposições querem implantar no Brasil. E muito do que ela tem de ruim, ficou evidente nas eleições do Reino Unido. Ao estabelecer que o mais votado em um distrito será seu único representante, o sistema distrital produz um efeito imediato: independentemente da maioria obtida, quem escolheu candidatos com menos votos deixa de ter representação.
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