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Bolsonários querem fechar o STF

Pesquisa do Jota: e fechar o Congresso também
publicado 09/07/2019
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O Conversa Afiada reproduz do JOTA:

Pesquisa JOTA: 34% dos brasileiros aceitam fechar o Congresso e 32%, o STF

Medidas são defendidas, especialmente, por apoiadores do governo Bolsonaro

Cerca de um terço da população brasileira aceita, em certas circunstâncias, o fechamento de instituições como o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal (STF). É o que mostra pesquisa do JOTA e do Ibpad (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados).

Enquanto 34,9% disseram concordar com a frase “Em algumas situações, o governo deve fechar o Congresso”, 32,9% afirmaram concordar com a frase “Em algumas situações, o governo deve fechar o Supremo Tribunal Federal”. No primeiro caso, 50,9% disseram discordar e, no segundo, 54,2%.

Uma outra pergunta também mediu sentimento similar: 42% disseram concordar com a frase “Em nenhuma situação é aceitável fechar o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal”, mas outros 40,9% disseram discordar dela.

Os brasileiros com nível superior são os que menos apoiam uma visão “linha dura” da democracia: 60,6% discordam e 36,8% concordam com a possibilidade do governo fechar o STF. Entre as pessoas com ensino médio, 53,4% discordam e 34,5% concordam dessa possibilidade (outros 12% não opinaram sobre). Já entre os brasileiros com ensino fundamental 48% discordam e 25,1% concordam, outros 26,9% não se posicionaram sobre esse tema.

A pesquisa foi feita com 1.045 pessoas, por telefone, entre os dias 26 e 29 de junho e conta com respondentes em 492 municípios, nos 26 Estados e no Distrito Federal. As respostas de 31 respondentes foram excluídas da análise porque não possuíam todas as informações necessárias para o modelo de pós-estratificação, restando, 1.014 respondentes. O intervalo de credibilidade dos valores estimados é de 3,3%.

Repercussão no STF

Ministros do Supremo classificaram o resultado da pesquisa de “preocupante” e afirmaram que o fechamento de instituições fere a democracia. Para integrantes da Corte, essa percepção de que o Supremo e o Congresso são dispensáveis é reflexo de uma avaliação de que a corrupção é generalizada e também ganha fôlego em movimentações de Bolsonaro e seu grupo político.

Segundo o ministro Marco Aurélio Mello, há um quadro de indignação com a corrupção na política e parte da “população que quer sangue” defende uma solução extremada e antidemocrática.

“É muito preocupante. A democracia pressupõe o respeito às instituições. É muito triste quando generalizam a crítica. Nos preocupa, não pelo cargo, estou há 29 anos no ofício judicante, mas pela instituição, uma vez que o Supremo é a última trincheira para o cidadão e quem dá a última palavra”, disse. “O Supremo tem que continuar fazendo sempre seu trabalho, buscando a prevalência da lei das leis que é a Constituição”, afirmou.

Um ministro que falou reservadamente ao JOTA afirmou que esse dado é “chocante”, insere-se num cenário da onda populista que atinge o país, em que o presidente da República tenta descolar o povo das instituições representativas.

Para o integrante do Supremo, é preciso rememorar a ditadura para evitar “posições extremadas” e que contrariam a democracia. “Está em estudos que a nossa memória da ditadura é longínqua. Nós não rememoramos esses tempos tão sombrios e precisamos lembrar isso. Vai ser bom para que as pessoas reflitam sobre posições extremadas como essas”.

O ministro afirmou ainda que a volta ao passado é importante para mostrar que a corrupção não é restrita aos governos civis, sendo que nas gestões de militares também se tinha informações e atos criminosos.

Outro ministro, que também pediu para falar reservadamente, disse que o Supremo “é essencial ao Estado Democrático de Direito e que não há democracia sem Judiciário”.

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