Bolsonaro e Guedes: a soma dos ignorantes não produz um sábio
O Conversa Afiada reproduz do Tijolaço, de Fernando Brito:
Um não entende de economia; outro, de política. Some e ache um desastre
É notório que a soma de dois ignorantes jamais produz um sábio.
Mas quando os dois ignorantes querem tomar o poder numa das maiores nações do mundo, isso deixa de ser uma observação diletante e se torna o aviso prévio de uma tragédia.
‘Bolsonaro me convenceu de que não entendo de política’, diz hoje a O Globo o “posto Ipiranga” econômico do ex-capitão, Paulo Guedes.
Como Jair Bolsonaro também já disse, ao mesmo jornal,que ‘não entendo mesmo de economia’, não há nada mais semelhante ao juízo que faz disso aquele que o candidato diz que está acima de todos, em Mateus 15,14 :
Deixai-os! Eles são guias cegos guiando cegos. Se um cego conduzir outro cego, ambos cairão no buraco”.
Não são, porém, os únicos cegos.
Há gente que se considera muito sábia disposta a entregar o país a este par de aventureiros e a outros que, armas à mostra, exibem a força para sustentá-los.
Disposta porque sabe que a conta dos desastres econômicos e políticos, inevitavelmente, cai sobre o povo.
E que, a cada tombo, o desespero torna mais palatável a ideia de vender mais nossas riquezas, humilhar mais nosso trabalho, privar mais a população de serviços públicos e afundar-nos mais e mais na dependência e na submissão.
A diferença entre um imbecil no poder em países fortes e em países fracos é que o primeiro tenta impor a hegemonia aos trancos e o outro só tem como caminho ampliar a vassalagem.
A ignorância de um e de outro, claro, é sabida há muito tempo, mas foram convenientes para produzir a estranha figura do “repressor liberal”.
Assim como agora o desmonte desta imagem vem do inequívoco interesse em, tarde demais, produzir uma alternativa ao crescimento da candidatura Haddad/Lula.
Quando se quer usar um cego como guia, se é tão cego quanto ele.