Bolsonaro é o alvo da Intervenção Tabajara no Rio
Cusparada histórica de Jean Wyllys em Bolsonaro
O Conversa Afiada publica análise inteligente de amigo navegante:
Há um lado que ainda não foi inteiramente considerado nos atos da camarilha golpista em torno dessa intervenção militar no Rio: o galinha verde Bolsonaro se diz a favor (e resmunga) mas, mesmo assim, isso não esconde que ele não está feliz com ela.
Por trás da intervenção houve uma “inteligência”.
E a "inteligencia" tem o Bolsonarismo no centro de seu mapa.
Há pelo menos dois meses a Abin reúne funcionários de “inteligência” dos governos estaduais e requisitados para uma tarefa não discriminada.
Essa articulação vem do Etchegoyen, da Abin, e do próprio Exército, apesar de toda a encenação para a plateia.
O procedimento surgiu a partir dos motins de PMs no Espirito Santo e, mais recentemente, no Rio Grande do Norte. O Bolsonarismo dá o combustível para incendiar a revolta no corpo das PMs, onde ele está bem entrincheirado.
É a base de politica e eleitoral do candidato Bolsonaro.
Em 2017, a revolta no Espírito Santo foi coisa do Bolsonarismo e seu grupo. Na época, o plano era parar a PM do Rio. A sublevação foi deflagrada, pegou um ou dois quartéis, mas teve que ser abortada. O mesmo movimento deve estar por trás da revolta da PM do Rio Grande do Norte em dezembro e janeiro. Em Minas, a situação também é frágil.
Índices mostram que foi fake news a história do Jornal Nacional sobre o agravamento da situação de violência do Rio no Carnaval.
Em suma, talvez a ação do Exército nas favelas seja apenas para inglês ver. Um show para a Globo.
O que interessa é outra coisa: é restituir a hierarquia militar. Quebrar a revolta na PM, mas sem assumir o ato, para não incentivar a reação do Bolsonarismo. Deslocar as lideranças sublevadas da baixa oficialidade, sargentos e cabos.
Agora, os PMs respondem a um militar (ver o agudo artigo do Breno Altman no Conversa Afiada). Se houver agitação, greve, quarteis fechados, o motim vai ter outro caráter.
Há portanto dois lados nessa intervenção: um para fora e outro para dentro.
Para fora, é salvar o Brasil da criminalidade (como diz o ansioso blogueiro, quá, quá, quá!).
Para dentro é restabelecer a hierarquia minada, bichada.
Agora, os especialistas de plantão da GloboNews só discutem o externo. Imagine essa pólvora armada na campanha eleitoral, com Bolsonaro, alucinado, candidato com ideias de um banqueiro, mais radicais do que as do radical Milton Friedman.
Daí a intervenção ser no Rio, principal base dele, mas longe de ser a única.
Preocupa também que o empresariado de São Paulo – sempre São Paulo! – reaja abertamente à anemia do Alckmin.
Daí se justifica que FHC lance o Flávio Rocha. É pra conter a fuga da manada do gado rentista, cortejados pelo Paulo Guedes, BTG, André Esteves, Pérsio Arida, MBL e Millenium.
Os ricos estão indóceis! FHC está gaga, mas é uma obsolescência interessada... (Até gagá, o FHC é malandro...)
O próprio BTG organizou a palestra do Bolso para mil empresários e executivos. Aquela em que ele disse que ia metralhar a Rocinha e foi aplaudido de pé.
A intervenção não faz sentido senão desse jeito. A insubordinação fermenta. Os empresários desnorteados.
É uma ação para repor a hierarquia, diante da insatisfação na terra sem lei e sem ordem, turbinada pelo Bolsonaro.
Assim se movimenta camarilha do Michel Temer, que esse ansioso blog, com muita propriedade, considera um presidente ladrão.
Assinado: analista inteligente
Em tempo: sobre a Intervenssão e a Intervenção Tabajara, recorrer ao divertido ABC do C Af - PHA
Em tempo2: do artigo de Bernardo Mello Franco no Globo Overseas: Bolsonaro foi ao Japão e o governo surrupiou mais uma de suas bandeiras. Instalou um general no Ministério da Defesa. Desde que foi criada, em 1999, a pasta sempre esteve em mãos civis. Na primeira vez em que os militares tentaram tomá-la, Fernando Henrique Cardoso resistiu e anotou em seu diário: “É preciso não retroceder nos avanços”. Michel Temer retrocedeu.