Brito: Delcídio e o ventilador de um bandido
Tanto a agenda serve como "prova" do que diz quanto o que diz pode ter sido adequado à agenda
publicado
15/03/2016
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De @Doce_Vicio, no twitter
De Fernando Brito, no Tijolaço:
O ventilador de um bandido
Li o imenso documento de delação premiada de Delcídio do Amaral.
Para falar linguagem bem popular, é como aquela história do ladrão que, para escapar, grita “pega ladrão!”.
Delcídio delata Deus e todo mundo, desde seus antecessores na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, a Aécio Neves, vários Ministros, Michel Temer, Dilma e, claro, Lula.
Delata coisas que, certamente, nem foram perguntadas e, como são do período “não vem ao caso” de FHC não são investigadas e, portanto, não o têm como investigado.
As provas?
A sua agenda, para provar que esteve, na época, com os acusados ou com pessoas que, em tese, os representariam.
O restante, versão unilateral das conversas supostamente havidas.
Tanto a agenda serve como “prova” do que diz quanto o que diz pode ter sido adequado à agenda.
Com o detalhe ridículo que admite em depoimento que recebeu propina de US$ 1 milhão (R$ 3,72 milhões) decorrente da compra irregular da Refinaria de Pasadena e faz um acordo pecuniário para devolver R$ 1,5 milhão.
O crime que compensa…
De novo, mesmo, e se se confirmarem, as gravações do Ministro Aloízio Mercadante com um cupincha de Delcídio, publicadas pela Veja. Nelas, a rigor, ele não comete crime algum – “posso tentar falar” não é obstrução à justiça e “posso ver se ajudo” também não é oferta financeira – mas revela uma estupidez digna de demissão sumária. Querendo ser esperto – como quis ser Delcídio – vai conversar com amigo de bandido com linguagem de botequim, quando até o Chapolin Colorado sabia que estava lidando com uma turma que “morde e grava”.
É a típica armadilha, igual à ratoeira que pegou o rato Delcídio montada (espontaneamente? contem outra) pelo filho do rato Nestor Cerveró. Só que, neste caso, não é ratoeira, é mata-burro. Mata-burro, pra quem não conhece. é uma ponte de travessas e espaços vazios sobre uma valeta, que os animais – nem os burros – ousam cruzar, porque vêem que vão enfiar ali as patas.
PS1. Um detalhe importante. Por enquanto, fica tudo no Supremo: Teori Zavascki recusou a remessa de partes da delação a Sérgio Moro.
PS2. A leitura deixa claro que o “vazamento” da delação para a Istoé – que coisa, hein, Dr. Figueiredo Basto, advogado de Delcídio e Alberto Yousseff? – foi um estratagema para, divulgados grandes trechos do acordo, suprimir a cláusula que mantinha, por seis meses, ao longo das investigações, o sigilo sobre ele.
PS3. Sobre as tais gravações de Mercadante, leia a análise de Luís Nassif, mais ou menos na mesma linha, certo que muito mais piedoso com o Mercadante que eu.
Para falar linguagem bem popular, é como aquela história do ladrão que, para escapar, grita “pega ladrão!”.
Delcídio delata Deus e todo mundo, desde seus antecessores na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, a Aécio Neves, vários Ministros, Michel Temer, Dilma e, claro, Lula.
Delata coisas que, certamente, nem foram perguntadas e, como são do período “não vem ao caso” de FHC não são investigadas e, portanto, não o têm como investigado.
As provas?
A sua agenda, para provar que esteve, na época, com os acusados ou com pessoas que, em tese, os representariam.
O restante, versão unilateral das conversas supostamente havidas.
Tanto a agenda serve como “prova” do que diz quanto o que diz pode ter sido adequado à agenda.
Com o detalhe ridículo que admite em depoimento que recebeu propina de US$ 1 milhão (R$ 3,72 milhões) decorrente da compra irregular da Refinaria de Pasadena e faz um acordo pecuniário para devolver R$ 1,5 milhão.
O crime que compensa…
De novo, mesmo, e se se confirmarem, as gravações do Ministro Aloízio Mercadante com um cupincha de Delcídio, publicadas pela Veja. Nelas, a rigor, ele não comete crime algum – “posso tentar falar” não é obstrução à justiça e “posso ver se ajudo” também não é oferta financeira – mas revela uma estupidez digna de demissão sumária. Querendo ser esperto – como quis ser Delcídio – vai conversar com amigo de bandido com linguagem de botequim, quando até o Chapolin Colorado sabia que estava lidando com uma turma que “morde e grava”.
É a típica armadilha, igual à ratoeira que pegou o rato Delcídio montada (espontaneamente? contem outra) pelo filho do rato Nestor Cerveró. Só que, neste caso, não é ratoeira, é mata-burro. Mata-burro, pra quem não conhece. é uma ponte de travessas e espaços vazios sobre uma valeta, que os animais – nem os burros – ousam cruzar, porque vêem que vão enfiar ali as patas.
PS1. Um detalhe importante. Por enquanto, fica tudo no Supremo: Teori Zavascki recusou a remessa de partes da delação a Sérgio Moro.
PS2. A leitura deixa claro que o “vazamento” da delação para a Istoé – que coisa, hein, Dr. Figueiredo Basto, advogado de Delcídio e Alberto Yousseff? – foi um estratagema para, divulgados grandes trechos do acordo, suprimir a cláusula que mantinha, por seis meses, ao longo das investigações, o sigilo sobre ele.
PS3. Sobre as tais gravações de Mercadante, leia a análise de Luís Nassif, mais ou menos na mesma linha, certo que muito mais piedoso com o Mercadante que eu.