Cassação de 3 milhões de títulos pode ferir Haddad de morte!
O Conversa Afiada informou na quarta-feira 26/IX que o Supremo Tribunal Federal (STF), por 7 votos a 2, cassou o direito ao voto de mais de 3 milhões de brasileiros.
A relatoria esteve a cargo do Ministro Barroso, que se comportou como um operário-padrão da Globo.
Como lembrou o Ministro Lewandowski em seu voto, que teve momentos antológicos, isso pode ter peso decisivo nas Eleições deste ano:
A grande maioria desses eleitores enquadram-se na categoria de hipossuficientes econômicos e residem nos mais longínquos rincões do país. É, a toda a evidência, um número muito significativo, que pode influir, de forma decisiva, no resultado das eleições. A título de exemplo, verifico que nas últimas eleições presidenciais a diferença entre a candidata vencedora e o segundo colocado ficou em aproximadamente 3,5 milhões de votos.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 45% dos votos cassados (1,5 milhão) são de eleitores do Nordeste (onde Fernando Haddad, principalmente, e Ciro Gomes são muito mais fortes que Jair Bolsonaro). Só na Bahia, onde Haddad tem 33% da preferência do eleitorado (na mais recente pesquisa do Datafalha), foram 586 mil títulos cancelados. Na Bahia, Bolsonaro tem apenas 14% das intenções de voto.
No Ceará, mais de 230 mil títulos foram cancelados; no Maranhão, mais de 216 mil; na Paraíba, 123 mil; em Pernambuco, 150 mil; no Rio Grande do Norte, quase 93 mil.
Poucos atentaram, nas últimas horas, para o impacto que isso pode ter sobre as campanhas progressistas, especialmente a de Fernando Haddad.
Na semana passada, o Nexo Jornal publicou, em gráficos, um levantamento sobre a distribuição geográfica dos votos das Eleições presidenciais de 1989 para cá.
Para mensurar o impacto do Nordeste nas vitórias eleitorais do PT, o Conversa Afiada centra a análise no segundo turno dos pleitos de 2002, 2006, 2010 e 2014:
2002:
(Crédito: Nexo Jornal)
2006:
(Crédito: Nexo Jornal)
2010:
(Crédito: Nexo Jornal)
2014:
(Crédito: Nexo Jornal)
Como o amigo navegante pode perceber, os votos de eleitores nordestinos foram fundamentais para o PT vencer quatro eleições - especialmente as de 2006, 2010 e 2014.
Mas, o Conversa Afiada aprofunda a análise.
Em 2006, Lula derrotou o Santo do Alckmin com votação bastante expressiva no Nordeste: nos nove estados, ele superou os 60% dos votos válidos.
(No Maranhão, por exemplo, ele obteve mais de 84% dos votos; no Ceará, 82%; em Pernambuco, 57%; e na Bahia, 78%).
Em 2010, outra surra: dessa vez, da Presidenta Dilma sobre o Careca, o maior dos ladrões.
No Nordeste, Dilma teve mais de 18,4 milhões de votos, contra 7,6 milhões do Serra.
Ela venceu em todos os estados da região, com cerca de 70% dos votos.
(Destaque para o Maranhão, onde ela venceu com quase 79% dos votos e para a Bahia, onde ela venceu por 70% x 30%).
Em 2014, mais um atropelamento.
Dilma teve, no Nordeste, quase 20,2 milhões de votos, contra menos de 8 milhões de Aécio - 72% x 28%.
(Na Bahia, ela teve quase 3 milhões de votos a mais que Aécio; no Ceará, o saldo positivo foi de 2,4 milhões; e em Pernambuco, 1,9 milhão de votos).
E, como lembrou o Ministro Ricardo Lewandowski, as Eleições de 2014 tiveram um resultado apertadíssimo: Dilma somou 54,5 milhões de votos e Aécio, 51,041 milhões.
A força eleitoral do PT no Nordeste - seja com Lula, com Dilma ou com Haddad - precisa ser corretamente mensurada.
Isso ajuda a entender por que o Golpe do STF sobre esses 3 milhões de eleitores pode, em última instância, ferir de morte a campanha de Haddad; primeiro, em sua luta para chegar ao segundo turno e, caso tenha sucesso nessa etapa, em uma batalha que se anuncia dura contra o candidato da Extrema-Direita.
Em tempo: apenas Lewandowski e Marco Aurélio Mello votaram contra a cassação dos mais de 3 milhões de títulos
Em tempo²: não deixe de votar na trepidante enquete do Conversa Afiada: quem pode votar segundo o ministro que é operário-padrão da Globo?
Leonardo Miazzo, editor do Conversa Afiada