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Celso Amorim compara tensão Irã-EUA à Crise dos Mísseis

Ex-chanceler acredita que Bolsonaro continuará a apoiar Trump após ataque
publicado 03/01/2020
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Mísseis soviéticos instalados em Cuba em 1962 tinham capacidade de atingir 70% do território dos EUA (Reprodução)

Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil entre 2003 e 2010, concedeu entrevista ao jornalista Jamil Chade, do UOL, a respeito do ataque norte-americano contra o general iraniano Qassem Soleimani, nesta madrugada em Bagdá.

Segundo Amorim, a ação do governo Trump elevou "à enésima potência" a crise entre Irã e Estados Unidos: Soleimani era considerado a segunda figura mais importante na liderança da República Islâmica. "Difícil imaginar que não haja reação", afirmou o ex-chanceler.

Ele completou: "desde a Crise dos Mísseis nunca estivemos tão próximos de um conflito armado direto entre dois estados".

E qual será a posição do governo de Jair Bolsonaro nessa crise?

"Por tudo o que foi dito e feito até hoje, seria difícil imaginar que a submissão a Washington deixará de prevalecer", disse.

Apesar da "diplomacia da sabujice" promovida pelo governo Bolsonaro, o Irã é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, especialmente na área do agronegócio. As exportações brasileiras ao Irã somam cerca de dois bilhões de dólares ao ano.

Para Amorim, entretanto, "a questão é saber até onde irá e se, além das perdas comerciais, o governo está disposto a colocar em risco a segurança do Brasil e dos brasileiros".

"A questão deixa de ser só política. É moral e, até certo ponto, existencial", disse o ex-chanceler.

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