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Chico Buarque chama Temer de Médici

"Apesar de Você" é em homenagem a um ditador e a um usurpador
publicado 06/08/2016
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Como se sabe, Chico compôs "Apesar de você" para desmoralizar o ditador Garrastazu Médici.

"Apesar de você" agora é uma singela - elegante, como o Chico - homenagem ao Traíra.

 O Conversa Afiada reproduz da Mídia Ninja:

Canecão: Como nos velhos tempos, só que não

Em mais um ato em defesa da democracia, músicos, escritores, poetas, atores, movimentos sociais, ativistas e trabalhadores de todas as matizes brasileiras se reuniram ontem (04), no Canecão, espaço cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desativado desde outubro de 2010. Servindo de palco democrático para a conjuntura política ilegítima do país, atualmente a casa é um espaço de lutas e está ocupada pela Ocupa MinC RJ desde o dia primeiro deste mês. A ocupação escolheu o local após ser duramente retirada pela Polícia Federal na desocupação do Palácio Capanema, sede da Fundação Nacional das Artes (Funarte) e do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan) no Rio de Janeiro, e que foi ocupado por 73 dias.

Mulher, homem, criança, idoso, rico, pobre, indígena e LGBTTI. Toda a diversidade brasileira estava presente no Canecão, exatamente como deve ser. Do rock ao axé, passando pelo MPB, samba, funk, e chegando ao Hip-hop, a cultura brasileira foi muito bem representada. O antigo glamour do espaço frequentado pela elite carioca deu lugar ao novo glamour brasileiro: mais colorido, diverso e democrático. A cultura é do povo, e o Canecão também. E se assim não foi nas décadas passadas, pelo menos daqui pra frente podemos esperar que seja.

Com a direção de Bia Lessa, o evento promoveu uma cerimônia-festa-ato de re-existência olímpica ao #ForaTemer, e à calamidade que o Rio de Janeiro vive hoje em decorrência da má administração da prefeitura.

Trabalhadores da cultura


Com a abertura da animada banda de axé Agytoê, gente de todas as cores, idades, estilos e orientações sexuais puderam pensar a política através de artistas como Gregorio Duvivier, Julia Lemmertz, Jean Wyllys, Tico Santa Cruz, Olívia Torres, Moreno Veloso, Jards Macalé, Mc Junior e Leonardo, Hey Ho Brass Band, e muitos outros.

A cantora Zélia Duncan marcou presença entre o público e, em cima do palco, afirmou estar maravilhada com tudo aquilo que ela estava vendo. Segundo ela, essa nova forma ativista de fazer história é muito nova, e a cada minuto se arrepiava pelo que via: “Eu tenho 51 anos, e nunca vi nada igual”, disse. Para a cantora, que já frequentou muito o espaço do Canecão, o sentimento era de privilégio de poder estar ali como cidadã e artista. Após se apresentar, Zélia Duncan finalizou: “Um dia, milhões de pessoas vão agradecer vocês!”.

A pré-candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro Jandira Feghali, do PCdoB, mais uma vez manifestou o seu o seu apoio ao público. A deputada relembrou o momento da desocupação do Capanema, quando foi ao local e denunciou o quão fascista e repressora a polícia é com a sociedade. Além disso, Jandira destacou a importância do evento na luta pela democracia: “Isso aqui que tá acontecendo é um tapa na cara desse governo. [...] Estamos aqui pra dizer ao governo golpista: sai daí que esse lugar não é teu”.

E para a reabertura em grande estilo do Canecão, a pré-candidata representou o povo brasileiro dentro do histórico centro cultural com seu apoio em palavras, e também do lado de fora dele, com sua luta gravada em forma de arte.

Prosseguindo com a cerimônia de abertura dos Jogos #ForaTemer no Canecão, o lendário compositor Chico Buarque também esteve presente e deu literalmente o pontapé inicial nos jogos da re-existência olímpica, levando o público ao delírio. Depois, Chico se apresentou e unificou todas as vozes presentes, num único e emocionante canto da música “Apesar de você”.

O grupo BNegão & Seletores de Frequência também esteve presente com o seu hip-hop, e deu exemplo de diversidade ao final de sua apresentação ao se juntar à Indianara Siqueira, transexual candidata à vereadora no Rio de Janeiro, e representantes da comunidade LGBTTI, transformando o Brasil das minorias e oprimidos, ali representado pelo Canecão, num lugar mais colorido e respeitável.