Christopher, neto de Jango: Golpe não se comemora. Repudia-se!
Editorial do Globo no dia 1º de abril de 1964! Canalhas!
O Conversa Afiada reproduz da Zero Hora artigo de Christopher Goulart, suplente de senador pelo PDT-RS, neto de Jango e filho de João Vicente Goulart, que concedeu histórica entrevista à TV Afiada e explicou por que João Goulart não resistiu ao Golpe em 1964:
"A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia do antipovo, do antissindicato, da antirreforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam." Tal frase, pronunciada por Jango no comício do dia 13 de março de 1964, encaixa-se perfeitamente nos dias atuais, para acusar a linha ideológica do presidente Jair Bolsonaro. A ampla participação popular nos processos políticos decisórios era tida pela direita e simpatizantes como algo deletério ao país. Poucos dias depois do comício, em 1º de abril – dia da mentira, Jango seria deposto por um golpe civil-militar. Ele já sabia que seria deposto. Optou por cair de pé.
Neste presente ano, os verdadeiros democratas de todo o país comemoram o centenário de João Belchior Marques Goulart. Via de regra, tenho que uma comemoração é um ato de homenagem reverencial. Fugindo a esta regra, no estranho Brasil de hoje, passados 55 anos, o atual mandatário da nação e seus apaniguados pretendem "comemorar" um dia marcado por 21 anos de trevas, que definitivamente remete a crimes contra a democracia e contra a humanidade, em nome da velha Doutrina de Segurança Nacional.
No Brasil daqueles tempos, tínhamos um fazendeiro na Presidência da República, de orientação trabalhista, dedicando todos os seus esforços para colocar em prática as reformas de base. Entendia ele que era hora da quebra de paradigmas, assim como foi a abolição da escravatura, a Proclamação da República, a Revolução de 30, a promulgação da CLT. Era hora de o nosso país dar um salto efetivo rumo ao progresso social, político e econômico. As reformas de base já estavam acontecendo, o que colocou em desespero os representantes das oligarquias de sempre, detentores de privilégios permanentes às custas do suor do trabalhador brasileiro.
Seguindo as táticas da Guerra Fria, era urgente a colação de um rótulo mentiroso na testa de Jango, para justificar perante a opinião pública a deposição de um presidente eleito pelo voto. Institutos como Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), financiados pelos dólares do embaixador Lincoln Gordon, em conexão direta com o Pentágono, eram encarregados de transmitir a mensagem fake para a população brasileira.
O fato é que o Brasil nunca esteve nem perto de ser comunista! Puro delírio fake das forças retrógradas, dos atuais porta-vozes de Jair Bolsonaro. As reformas de Jango combatiam, isso sim, o capitalismo especulativo-parasitário, buscando a justiça social para a nação. Se Jango tivesse a tendência ditatorial, teria fechado o Congresso Nacional em 1961, após a campanha da Legalidade, quando tinha amplas condições favoráveis para isso. Teria resistido em 1964. Definitivamente, a vocação democrática de João Goulart jamais poderá se desmentida.
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