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Ciro não vai para a Oposição se houver risco

Se a economia crescer acaba o furdunço
publicado 24/10/2015
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bessinha barraca do ódio

Saiu na Rede Brasil Atual:


Ciro Gomes: 'Se a economia crescer, acaba o problema político'

Ex-governador do Ceará e ex-ministro do governo Lula, crítico à direita e à esquerda, diz que não vai para a oposição enquanto a democracia estiver em risco

São Paulo – Com críticas à mobilização de rua em defesa da democracia e do mandato de Dilma Rousseff, por entender que esse posicionamento no momento tem um caráter “abstrato” frente à crise política atual, com recrudescimento das forças conservadoras, Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro do governo Lula, disse ontem (22), em São Paulo, que a adoção de uma nova agenda econômica deve nortear a ação política das forças progressistas. Ele participou de debate promovido pela Frente Brasil Popular.

“Eu acho que nós deveríamos ter uma agenda bem prática, que começasse com o compromisso de entender a interdição da relação do poder executivo presidencialista brasileiro com o Congresso Nacional atual, na forma como ele está desenhado”, afirmou. Com o foco na economia, Ciro acredita que pelo menos duas ações seriam necessárias como bandeiras dos movimentos para que o país pudesse retomar o crescimento econômico: redução dos juros e maior intervenção do governo no mercado de câmbio, medidas que, segundo destacou, “o governo não teve a menor audácia de fazer”.

“Reduzir dois pontos na taxa de juros permite economizar algo ao redor de R$ 78 bilhões no exercício de 2016, e some miraculosamente o déficit (de R$ 50 bilhões) que está na proposta orçamentária. Mas o que que isso vai causar? A economia brasileira é tão resiliente, e está tão no fundo do poço, que em julho de 2016 ela volta a crescer. E se a economia voltar a crescer acabou o problema político”, disse. “Aí nós teremos um ambiente de paz institucional, porque o Congresso Nacional não fica do lado de governo impopular, é só ver o que o PT está fazendo com a Dilma”, afirmou, em referência ao projetos do Executivo que têm recebido também ataques da base do governo.

No debate organizado pelo cientista político e ex-ministro Roberto Amaral, do qual participou também o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), Ciro voltou a fazer duras críticas ao PMDB, ao vice-presidente Michel Temer e ao presidente de Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, o partido, salvo exceções, “é um ajuntamento, de calhordas, de assaltantes, de bandidos, chefiados pelo Michel Temer que, incrivelmente, o amigo Lula botou na vice-presidência da República”.

Para Ciro, o "mar de lama" em que Cunha colocou a Câmara, com as denúncias de corrupção cujas provas se mostram irrefutáveis, começou já na campanha do ano passado. “Todo mundo sabe, quem financiou as campanhas de São Paulo foi o Michel Temer e o Eduardo Cunha com um saco de dinheiro do lado, eu sei o que estou dizendo, e avisei antes, porque quando elegeram o Cunha presidente da Comissão de Constituição e Justiça (na legislatura anterior) eu me levantei e protestei. E votei contra. Aí eles elegeram o Temer presidente da Câmara, e o Cunha foi eleito relator de todas as matérias que tinham interesse econômico no meio, e encheu o rabo de dinheiro. E dividiu com os colegas, aí depois a gente reclama. Olha, quem produziu a cobra foram eles”, disse, fazendo menção ao PT.

Ciro atribui à Frente Brasil Popular, criada em setembro com o aval de mais de 50 entidades de esquerda, a obrigação de estabelecer um novo diálogo político e destruir o que ele chama de “novilíngua”, em referência ao romance 1984, de George Orwell, que denuncia as ditaduras futuristas e as restrições de linguagem para bloquear o pensamento crítico ao autoritarismo. “Essa frente tem a obrigação também de destruir a novilíngua, e explicar para o povo o que são as pedaladas, e o que é swap cambial, porque a população brasileira que está sacrificada vai entender, como entendeu na eleição”, afirmou, em relação à vitória de Dilma, apesar da campanha contra da grande mídia.

Com críticas à direita e à esquerda, o ex-governador do Ceará lançou farpas à postura do PT de não enfrentar o processo de impeachment às claras. “Sabe qual é a solução para a escalada do impeachment hoje? Enfrentamento no Congresso”, afirmou, sustentando que partir para a luta aberta contra o impeachment provocaria maior mobilização da sociedade. “Senta e assina, Eduardo Cunha, picareta, ladrão, assina (o processo) e vamos fazer um pulso para derrubar o presidenta da República, um pulso moral, assinado por um vagabundo que encheu as manchetes do mundo inteiro como ladrão, que circulou R$ 411 milhões de reais”, disse, destacando sobre essa quantia: “Vocês ainda vão saber desse dado, esse dado ainda não é público, está na denúncia do Janot (procurador da República Rodrigo Janot), nas contas que ele descobriu, em que circularam R$ 411 milhões”.

A tese de Ciro é que a ilegitimidade do processo de impeachment deveria ser enfrentada sem restrições. “Assina aqui para a gente ir para a rua. Aí o povo vai, e na hora será que a gente não tem um terço da Câmara, com a liminar que o Supremo nos deu para proteger, aí é pedir para ir embora mesmo, se for para se render, se entregar, fazer negócio, negociata com essa gente, eu por exemplo estou muito perto de ir para a oposição, mas não vou enquanto eu considerar que a democracia está em risco”.

O deputado Chinaglia justificou que as forças de esquerda estão sem maior capacidade de mobilização. “A bancada do PT especificamente, mas tem outras bancadas solidariamente. Nós escolhemos não bater no Eduardo Cunha para não dar o pretexto a ele, digamos, em um momento ruim, usar o poder que ainda tem no caso do impeachment, esse é o jogo. Por que o que está faltando? Se tivesse mobilização nas ruas do nosso lado, era outra situação. Só que a direita perdeu a vergonha de ser direita, e hoje, com apoio ostensivo da imprensa, faz um alarido maior do que o nosso, consegue colocar gente na rua mais do que nós, com mais rapidez, com mais facilidade.”

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