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Desmanche do PSDB é irreversível

Dias: não há nada de novo na traição do Prefake ao Santo
publicado 27/08/2017
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O Conversa Afiada reproduz a imperdível coluna de Mauricio Dias na CartaCapital:

O desmanche tucano


Ninguém vai conseguir colar os cacos do PSDB. A crise política no partido, habitualmente contornável pelo banal tapinha nas costas, desta vez está marcada pela hipocrisia. A simulação, válida ao longo desse tempo, escondeu-se na admiração dos tucanos pela imagem severa do ex-governador paulista Mario Covas, falecido tempos depois de participar da fundação do partido que os vivos agora afundam.

As desculpas do PSDB por erros cometidos, confessados às pressas em recente horário de televisão, não surtiram efeito na intimidade do ninho. Ao contrário, provocou reações fortes na agremiação. Manchas estranhas surgiram na plumagem tucana. Não se apagam mais.

O desmanche do PSDB, em andamento, tem como razão mais forte os quase 14 anos vividos fora do poder. Tempo ocupado pelo PT e os petistas sobreviveram. Foram quatro eleições vitoriosas. A última, interrompida pelo golpe.

Aécio Neves, mineiro manhoso, pode ser definido como a última possibilidade que o PSDB teve, em 2014, para chegar ao poder. Fracassou. Desalentado, foi bater à porta do Tribunal Superior Eleitoral. Sem sucesso. Depois de perder no campo, perdeu também no tapetão e, na sequência, foi afastado da presidência do partido. Agora sofre forte pressão dos paulistas.

O bombardeio vem de surpresa. Foi disparado por Mario Covas Neto, presidente do PSDB paulistano. Implacável, o filho de Mario Covas considerou que a condução dos tucanos por Aécio é “vergonhosa”. Covas Neto, ao avaliar as explicações de Aécio sobre o escândalo da JBS, não se convenceu. Desafiou a possibilidade de ver o PSDB com um “ladrão favorito”.

O partido, como se percebe, conta também com a tradição de Mario Covas, e esta tem agora dificuldades para sustentá-la. É um indício de que a eleição de 2018 será mais problemática para o PSDB. Há dois únicos candidatos tucanos assinalados. Ambos, Geraldo Alckmin e João Doria, distantes de uma possibilidade de vitória.

FHC, guru do partido, lançou para a Presidência a já desgastada figura do governador Alckmin, com desempenho fraco nas pesquisas de intenção de voto. O governador paulista perde para o prefeito paulistano, candidato ousado e sem restrições políticas diante da preferência do apadrinhado Alckmin. Doria atropelará o padrinho, se for possível.

Caso as pesquisas sinalizem Doria como o preferido dos eleitores tucanos, que ninguém se iluda. Ele baterá em outra porta. Há um sentimento no mundo político de que qualquer candidato ao sentar na cadeira de baixo olha para a cadeira de cima e é tomado por uma aguda vontade de trair. Não há nada novo nesse jogo.