Dias: não toque nos programas sociais!
Temer está pronto!
publicado
14/09/2015
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O Conversa Afiada reproduz texto de Mauricio Dias, extraído de CartaCapital:
O discurso da culpa
Presidenta Dilma Rousseff não fale em erros para justificar o ataque aos avanços sociais
A decisão de incluir no discurso do 7 de Setembro o dissimulado
pedido de desculpas assumido pela presidenta Dilma Roussefff, pelos supostos
erros cometidos na condução da política econômica, durante o primeiro
governo dela, foi mais um tropeço político desfavorável obviamente a quem já
anda pelas tabelas.
O mentor dessa inclusão na fala da presidenta pode não ser o mesmo
mas tem a mesma percepção daquele assessor que, em agosto de 2005, sugeriu
ao então presidente Lula ir a público e se desculpar pelas trapalhadas do PT
e de aliados chamadas de "mensalão". Guardadas as diferenças circunstanciais
as coisas se parecem.
Em ambos os casos o tema, desculpa e arrependimento, circulou pela
imprensa antes de ser adotado oficialmente por Lula e por Dilma. De nada
adiantou a ele e nem adiantará a ela. A soma de dois erros nunca resultará
em acerto. Ao contrário, o erro do passado é acumulado ao erro do presente.
Dilma, titubeante no discurso difundido pelas redes sociais, afirmou
com uma convicção estranha a ela: "Se cometemos erros, e isso é possível,
vamos superá-los e seguir em frente." Em seguida, alertou todos aos que viam
e ouviam: "Quero dizer a vocês: alguns remédios para essa situação, é
verdade, são amargos, mas são indispensáveis".
Ela fez um disparo. O remédio amargo foi um tiro no próprio pé. Na
pauta de possibilidades, o projétil pode ricochetear na população já
bastante sacrificada pela inflação e o desemprego.
Essa solução econômica traduzida em efeito político significa o
aumenta no risco de uma queda ainda maior na aprovação ("Ótimo/Bom") da
presidenta Dilma, hoje entre 7% e 8%.
Sempre alerta, a oposição simbolizada em carne e osso por Aécio
Neves, está a espreita. Após uma fase de calmaria renasceu nos últimos dias,
no Congresso, a retomada do tema "impeachment já" embora, nas circunstâncias
de hoje, pareça um sonho impossível.
Após um giro por esse circuito, em São Paulo, alguns com a presença
de empresários influentes na formação do PIB, Michel Temer, um aliado
ladino, entrou em oposição ao essencial no discurso de Dilma.
"Eu tenho sustentado o corte de despesas (...) As pessoas não querem
no geral qualquer aumento de tributo (...) Nós temos que evitar remédios
amargos".
Os mais ricos, além do fôlego natural, parecem blindados contra o
aumento de impostos.
Depois de um longo tempo, precisamente quatro anos, em silêncio
carrancudo o vice-presidenta não sossega mais. Rega o próprio canteiro
contando com a decisão do PMDB de apresentar candidatura em 2018. E só conta
com ele. É a explicação mais consistente para o distanciamento dele da
presidenta e, principalmente, do PT.
Em caso de emergência Temer estará pronto. Se o cavalo passar
arriado ele monta.
Por tais razões Dilma não pode tomar uma dose forte do remédio
amargo. Não pode promover a exclusão social demolindo os programas de
inclusão do governo Lula.
Esses novos cidadãos entraram pela porta da frente. Agora correm o
risco de saírem pela porta dos fundos. E podem voltar a sair de cena.
pedido de desculpas assumido pela presidenta Dilma Roussefff, pelos supostos
erros cometidos na condução da política econômica, durante o primeiro
governo dela, foi mais um tropeço político desfavorável obviamente a quem já
anda pelas tabelas.
O mentor dessa inclusão na fala da presidenta pode não ser o mesmo
mas tem a mesma percepção daquele assessor que, em agosto de 2005, sugeriu
ao então presidente Lula ir a público e se desculpar pelas trapalhadas do PT
e de aliados chamadas de "mensalão". Guardadas as diferenças circunstanciais
as coisas se parecem.
Em ambos os casos o tema, desculpa e arrependimento, circulou pela
imprensa antes de ser adotado oficialmente por Lula e por Dilma. De nada
adiantou a ele e nem adiantará a ela. A soma de dois erros nunca resultará
em acerto. Ao contrário, o erro do passado é acumulado ao erro do presente.
Dilma, titubeante no discurso difundido pelas redes sociais, afirmou
com uma convicção estranha a ela: "Se cometemos erros, e isso é possível,
vamos superá-los e seguir em frente." Em seguida, alertou todos aos que viam
e ouviam: "Quero dizer a vocês: alguns remédios para essa situação, é
verdade, são amargos, mas são indispensáveis".
Ela fez um disparo. O remédio amargo foi um tiro no próprio pé. Na
pauta de possibilidades, o projétil pode ricochetear na população já
bastante sacrificada pela inflação e o desemprego.
Essa solução econômica traduzida em efeito político significa o
aumenta no risco de uma queda ainda maior na aprovação ("Ótimo/Bom") da
presidenta Dilma, hoje entre 7% e 8%.
Sempre alerta, a oposição simbolizada em carne e osso por Aécio
Neves, está a espreita. Após uma fase de calmaria renasceu nos últimos dias,
no Congresso, a retomada do tema "impeachment já" embora, nas circunstâncias
de hoje, pareça um sonho impossível.
Após um giro por esse circuito, em São Paulo, alguns com a presença
de empresários influentes na formação do PIB, Michel Temer, um aliado
ladino, entrou em oposição ao essencial no discurso de Dilma.
"Eu tenho sustentado o corte de despesas (...) As pessoas não querem
no geral qualquer aumento de tributo (...) Nós temos que evitar remédios
amargos".
Os mais ricos, além do fôlego natural, parecem blindados contra o
aumento de impostos.
Depois de um longo tempo, precisamente quatro anos, em silêncio
carrancudo o vice-presidenta não sossega mais. Rega o próprio canteiro
contando com a decisão do PMDB de apresentar candidatura em 2018. E só conta
com ele. É a explicação mais consistente para o distanciamento dele da
presidenta e, principalmente, do PT.
Em caso de emergência Temer estará pronto. Se o cavalo passar
arriado ele monta.
Por tais razões Dilma não pode tomar uma dose forte do remédio
amargo. Não pode promover a exclusão social demolindo os programas de
inclusão do governo Lula.
Esses novos cidadãos entraram pela porta da frente. Agora correm o
risco de saírem pela porta dos fundos. E podem voltar a sair de cena.