Dias: o PMDB como ele é
"O PMDB só romperá a aliança em tempo hábil para disputar a eleição de 2018 ou para arrumar novo par"
publicado
03/10/2015
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O Conversa Afiada reproduz texto de Mauricio Dias, extraído da coluna Rosa dos Ventos, de CartaCapital:
O PMDB nu e cru
O partido bota as unhas de fora, expõe seu famélico desejo de poder e deixa o papel de coadjuvante
Sem qualquer constrangimento, o PMDB, nas últimas semanas, desnudou-se para o público em geral, e para a presidenta Dilma Rousseff em particular. Na disputa por mais espaço na administração federal, o partido deu uma lição nua e crua de como pode ser a política de coalizão no que ela tem de pior.
E sempre piora mais quando os aliados, como é o caso de agora, não são agregados em torno de objetivos programáticos. Ou seja, são de campo ideológico diferente. Por isso, os compromissos dão-se em torno do conhecido e amaldiçoado “toma lá dá cá”.
Embora tenha perdido parte do vigor eleitoral desde a ascensão do PT, o PMDB é ainda o dono da mais poderosa representação no Congresso, com 17 senadores e 67 deputados federais. Além disso, é senhor dos votos capazes de evitar ou promover o impeachment buscado obsessivamente pela oposição. O partido, além da força própria, comanda um bloco de 150 votos na Câmara.
Desiludam-se os ainda iludidos. Se é que eles existem.
Força-do-PMDBNão se governa sem base sólida no Congresso. É disso que o “aliado” se aproveita para travar queda de braço com Dilma e o PT. Como detentor de uma robusta capilaridade por todo o País, não quer perdê-la. Números oficiais da agremiação indicam o controle de quase mil prefeituras e cerca de 8 mil vereadores. Com essa força, mas sem liderança, tornou-se um aliado do “presidente atual”.
Na pós-ditadura, o partido “ficou” com Sarney, Collor e FHC. Com esses os peemedebistas têm algum parentesco. Com Lula foi difícil a convivência. Com Dilma tem sido muito pior.
Após ganhar a eleição presidencial de 2002, não foi fácil para o presidente montar esse apoio parlamentar. Superou tudo graças à elevadíssima popularidade. Segundo números do Ibope, ele deixou o governo, em 2010, com uma avaliação de 80% no patamar “ótimo/bom”. A confiança nele arrastava 81% da população, e a maneira de governar explodia com 87% de aprovação.
Dilma herdou esse legado. Os bons números, porém, foram se derretendo ao longo do primeiro mandato. Já reeleita, terminou 2014 com 40% de “ótimo/bom”. Tinha a confiança de 51% da sociedade e a aprovação da “maneira de governar” estava na casa dos 52%.
Ela teve vitória difícil na moldura de uma economia que se desmancharia no começo de 2015.
Além dos erros já admitidos pela presidenta, e com o modelo econômico esgotado, o PMDB botou as unhas de fora e expôs seu famélico desejo de poder. Deixou o papel de coadjuvante e alcançou posição de destaque. Com a reação, com cheiro de chantagem política, abocanhou sete ministérios. Entre eles o poderoso Ministério da Saúde, posto estratégico para os objetivos do partido em 2016 e, quiçá, em 2018.
Com qual candidato a presidenta iria?
Aconchegado às novas cadeiras da administração, o PMDB só romperá a aliança em tempo hábil para disputar a eleição de 2018 ou para arrumar novo par. Eis o PMDB como ele é.
Sem qualquer constrangimento, o PMDB, nas últimas semanas, desnudou-se para o público em geral, e para a presidenta Dilma Rousseff em particular. Na disputa por mais espaço na administração federal, o partido deu uma lição nua e crua de como pode ser a política de coalizão no que ela tem de pior.
E sempre piora mais quando os aliados, como é o caso de agora, não são agregados em torno de objetivos programáticos. Ou seja, são de campo ideológico diferente. Por isso, os compromissos dão-se em torno do conhecido e amaldiçoado “toma lá dá cá”.
Embora tenha perdido parte do vigor eleitoral desde a ascensão do PT, o PMDB é ainda o dono da mais poderosa representação no Congresso, com 17 senadores e 67 deputados federais. Além disso, é senhor dos votos capazes de evitar ou promover o impeachment buscado obsessivamente pela oposição. O partido, além da força própria, comanda um bloco de 150 votos na Câmara.
Desiludam-se os ainda iludidos. Se é que eles existem.
Força-do-PMDBNão se governa sem base sólida no Congresso. É disso que o “aliado” se aproveita para travar queda de braço com Dilma e o PT. Como detentor de uma robusta capilaridade por todo o País, não quer perdê-la. Números oficiais da agremiação indicam o controle de quase mil prefeituras e cerca de 8 mil vereadores. Com essa força, mas sem liderança, tornou-se um aliado do “presidente atual”.
Na pós-ditadura, o partido “ficou” com Sarney, Collor e FHC. Com esses os peemedebistas têm algum parentesco. Com Lula foi difícil a convivência. Com Dilma tem sido muito pior.
Após ganhar a eleição presidencial de 2002, não foi fácil para o presidente montar esse apoio parlamentar. Superou tudo graças à elevadíssima popularidade. Segundo números do Ibope, ele deixou o governo, em 2010, com uma avaliação de 80% no patamar “ótimo/bom”. A confiança nele arrastava 81% da população, e a maneira de governar explodia com 87% de aprovação.
Dilma herdou esse legado. Os bons números, porém, foram se derretendo ao longo do primeiro mandato. Já reeleita, terminou 2014 com 40% de “ótimo/bom”. Tinha a confiança de 51% da sociedade e a aprovação da “maneira de governar” estava na casa dos 52%.
Ela teve vitória difícil na moldura de uma economia que se desmancharia no começo de 2015.
Além dos erros já admitidos pela presidenta, e com o modelo econômico esgotado, o PMDB botou as unhas de fora e expôs seu famélico desejo de poder. Deixou o papel de coadjuvante e alcançou posição de destaque. Com a reação, com cheiro de chantagem política, abocanhou sete ministérios. Entre eles o poderoso Ministério da Saúde, posto estratégico para os objetivos do partido em 2016 e, quiçá, em 2018.
Com qual candidato a presidenta iria?
Aconchegado às novas cadeiras da administração, o PMDB só romperá a aliança em tempo hábil para disputar a eleição de 2018 ou para arrumar novo par. Eis o PMDB como ele é.