Dias: os ventos sopram a favor de Dilma
"Nós voltaremos" é o "Ele voltará" de Vargas, em 1950!
publicado
02/09/2016
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O Conversa Afiada reproduz a coluna Rosa dos Ventos, de Mauricio Dias, na Carta Capital:
O caminho de Dilma
Nem tudo são flores para os gover- nistas de agora no golpe urdido, chamado de impeachment, para derrubar a presidenta da República, Dilma Rousseff, e a favor da ascensão do vice, Michel Temer. Comemoram.
Não foi bom para eles que a deposta mantenha seus direitos políticos, ainda que a decisão que a premia possa também favorecer Eduardo Cunha.
Ela não sairá de cena. Impedida, deixou a Presidência. Não perdeu, porém, a inelegibilidade, conforme decidido no Senado.
Além de Lula há um novo “bicho-papão”, Dilma, para assustá-los na boca das urnas.
Foi golpeada. Afastada da Presidência. Manteve, no entanto, seus direitos como o de retornar à vida pública. Embora seja pessoa de poucos sorrisos, pode-se especular, resguardado o espaço para o humor, sobre a possibilidade de a ex-presidenta ter rido por último.
Diziam que ao fim do governo ela iria para casa. Talvez. Agora, porém, fincou o pé na política.
Aécio Neves, senador tucano e presidente do PSDB derrotado nas urnas por Dilma, em 2014, foi à tribuna e, sem nenhum pudor político, pregou o voto para bloquear a volta dela às atividades.
Outro senador, que de tão obscuro não se guarda o nome, diante das luzes da TV Senado, anunciou a morte política dela: “Vai ser afastada definitivamente da vida pública”. Mau profeta. Oco e palavroso.
Ao que se sabe, embora não tenha falado com ninguém sobre o possível retorno à vida pública, Dilma marcou discursos e entrevistas recentes com a referência específica à “maior aproximação com o povo”.
Ela cumpriu uma longa jornada de resistência ao subir em palanques de vários esta- dos brasileiros. Não que ela buscasse, mas esse movimento, somado ao “massacre” do julgamento no Senado, pode ter efeitos positivos. É preciso aguardar as pesquisas.
A perspectiva da luta de Dilma não terminou. Essa disposição está gravada no discurso escrito antecipadamente e guardado em segredo. No texto, ela destaca uma afirmação:
“Nós voltaremos”.
A expressão, adaptada calculadamente às circunstâncias dela, foi inspirada na expres- são “Ele voltará”, marcante na campanha eleitoral de Getúlio Vargas, em 1950.
Há razões políticas. O gaúcho Getúlio, após o golpe contra ele ocorrido por razões e circunstâncias diferentes do golpe contra Dilma, refugiou-se no Rio Grande do Sul (São Borja). João Goulart, também gaúcho e igualmente deposto, voou inicialmente naquela dire ção. De lá foi para o exílio. A mineira Dilma também vai para lá (Porto Alegre).
Dilma tem um capital político. O destino eleitoral dela vai depender das circunstâncias de 2018. De um modo ou de outro, ela vai entrar no jogo.
Nem tudo são flores para os gover- nistas de agora no golpe urdido, chamado de impeachment, para derrubar a presidenta da República, Dilma Rousseff, e a favor da ascensão do vice, Michel Temer. Comemoram.
Não foi bom para eles que a deposta mantenha seus direitos políticos, ainda que a decisão que a premia possa também favorecer Eduardo Cunha.
Ela não sairá de cena. Impedida, deixou a Presidência. Não perdeu, porém, a inelegibilidade, conforme decidido no Senado.
Além de Lula há um novo “bicho-papão”, Dilma, para assustá-los na boca das urnas.
Foi golpeada. Afastada da Presidência. Manteve, no entanto, seus direitos como o de retornar à vida pública. Embora seja pessoa de poucos sorrisos, pode-se especular, resguardado o espaço para o humor, sobre a possibilidade de a ex-presidenta ter rido por último.
Diziam que ao fim do governo ela iria para casa. Talvez. Agora, porém, fincou o pé na política.
Aécio Neves, senador tucano e presidente do PSDB derrotado nas urnas por Dilma, em 2014, foi à tribuna e, sem nenhum pudor político, pregou o voto para bloquear a volta dela às atividades.
Outro senador, que de tão obscuro não se guarda o nome, diante das luzes da TV Senado, anunciou a morte política dela: “Vai ser afastada definitivamente da vida pública”. Mau profeta. Oco e palavroso.
Ao que se sabe, embora não tenha falado com ninguém sobre o possível retorno à vida pública, Dilma marcou discursos e entrevistas recentes com a referência específica à “maior aproximação com o povo”.
Ela cumpriu uma longa jornada de resistência ao subir em palanques de vários esta- dos brasileiros. Não que ela buscasse, mas esse movimento, somado ao “massacre” do julgamento no Senado, pode ter efeitos positivos. É preciso aguardar as pesquisas.
A perspectiva da luta de Dilma não terminou. Essa disposição está gravada no discurso escrito antecipadamente e guardado em segredo. No texto, ela destaca uma afirmação:
“Nós voltaremos”.
A expressão, adaptada calculadamente às circunstâncias dela, foi inspirada na expres- são “Ele voltará”, marcante na campanha eleitoral de Getúlio Vargas, em 1950.
Há razões políticas. O gaúcho Getúlio, após o golpe contra ele ocorrido por razões e circunstâncias diferentes do golpe contra Dilma, refugiou-se no Rio Grande do Sul (São Borja). João Goulart, também gaúcho e igualmente deposto, voou inicialmente naquela dire ção. De lá foi para o exílio. A mineira Dilma também vai para lá (Porto Alegre).
Dilma tem um capital político. O destino eleitoral dela vai depender das circunstâncias de 2018. De um modo ou de outro, ela vai entrar no jogo.