Dias quer ver o Temer sozinho
Vai conciliar o Cerra e o Aecim?
publicado
27/08/2016
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O Conversa Afiada reproduz o artigo de Mauricio Dias na Rosa dos Ventos, da Carta Capital:
Temer perde o contraponto
A presença da presidenta afastada favoreceu o interino, ao sair de cena, ela cria para o sucessor vindo do golpe uma espécie de orfandade
Está claro que o desfecho do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff deverá ocorrer aos 45 minutos do segundo tempo. Ou seja, o jogo será definido no plenário do Supremo Tribunal Federal. Através dessa perigosa travessura, amparada em tantos interesses, é possível ensaiar, com os dados de hoje, as dificuldades do amanhã de um governo permanente do ex-vice-presidente Michel Temer.
Já se sabe das turbulências provocadas nesses quase quatro meses de interinidade.
Um rápido olhar ao redor facilita prever o futuro sombrio da nova administração. O vice, transformado em presidente pela mágica de um golpe batizado de impeachment, para justificar o estupro da democracia, encontrará muita dificuldade para completar o restante da ainda incerta travessia, por variadas razões.
Temer tentou, na interinidade, esconder fragilidades, indecisões e temores atrás da imagem da presidenta, repudiada por setores reacionários da sociedade, unidos de alto a baixo. O interino, enfim definitivo não poderá, porém, beneficiar-se dessa ausência, nem tampouco das situações de uma crise econômica provocada por fatores que vão muito além dos erros do período Dilma.
Com ele, a história passará a ser outra. A retirada de Dilma Rousseff da cena política desarmará explicações para deficiências exclusivas do novo governo.
Não há como se proteger do sol debaixo de uma peneira furada. Sem Dilma, e também ele com baixa popularidade, Temer perderá o contraponto que até o momento o favorece.
Desde que assumiu a interinidade, as pesquisas, de forma uníssona, expuseram a impopularidade de Temer. De fato, mais de 50% dos entrevistados, desaprovam a linha do seu governo. As sondagens detectam mais: 65% da população não confia nele.
Há sinais curiosos sobre uma possível guinada no direcionamento editorial da mídia, quanto à ascensão definitiva de Temer.
Isso traduz o cuidado com que, antes de o golpe ser consolidado, a mídia registrou problemas agudos e graves enfrentados ou provocados pelo interino, cercado, por sinal, por auxiliares envolvidos nas apurações da Lava Jato.
E haverá mais apuros para Temer no seu relacionamento com a base política. Além de outras questões, é nítida a grande desavença entre os interesses do PMDB e as conveniências do PSDB. Mais precisamente entre os objetivos de Aécio Neves e os de José Serra para 2018.
Aécio tem no senador Tasso Jereissati um aliado poderoso dentro do partido. Ambos são adversários de Serra, cuja ambição é disputar, mais uma vez, a Presidência da República. Temer, de qualquer forma, foi uma escolha de emergência, e não uma aposta definitiva.
A presença da presidenta afastada favoreceu o interino, ao sair de cena, ela cria para o sucessor vindo do golpe uma espécie de orfandade
Está claro que o desfecho do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff deverá ocorrer aos 45 minutos do segundo tempo. Ou seja, o jogo será definido no plenário do Supremo Tribunal Federal. Através dessa perigosa travessura, amparada em tantos interesses, é possível ensaiar, com os dados de hoje, as dificuldades do amanhã de um governo permanente do ex-vice-presidente Michel Temer.
Já se sabe das turbulências provocadas nesses quase quatro meses de interinidade.
Um rápido olhar ao redor facilita prever o futuro sombrio da nova administração. O vice, transformado em presidente pela mágica de um golpe batizado de impeachment, para justificar o estupro da democracia, encontrará muita dificuldade para completar o restante da ainda incerta travessia, por variadas razões.
Temer tentou, na interinidade, esconder fragilidades, indecisões e temores atrás da imagem da presidenta, repudiada por setores reacionários da sociedade, unidos de alto a baixo. O interino, enfim definitivo não poderá, porém, beneficiar-se dessa ausência, nem tampouco das situações de uma crise econômica provocada por fatores que vão muito além dos erros do período Dilma.
Com ele, a história passará a ser outra. A retirada de Dilma Rousseff da cena política desarmará explicações para deficiências exclusivas do novo governo.
Não há como se proteger do sol debaixo de uma peneira furada. Sem Dilma, e também ele com baixa popularidade, Temer perderá o contraponto que até o momento o favorece.
Desde que assumiu a interinidade, as pesquisas, de forma uníssona, expuseram a impopularidade de Temer. De fato, mais de 50% dos entrevistados, desaprovam a linha do seu governo. As sondagens detectam mais: 65% da população não confia nele.
Há sinais curiosos sobre uma possível guinada no direcionamento editorial da mídia, quanto à ascensão definitiva de Temer.
Isso traduz o cuidado com que, antes de o golpe ser consolidado, a mídia registrou problemas agudos e graves enfrentados ou provocados pelo interino, cercado, por sinal, por auxiliares envolvidos nas apurações da Lava Jato.
E haverá mais apuros para Temer no seu relacionamento com a base política. Além de outras questões, é nítida a grande desavença entre os interesses do PMDB e as conveniências do PSDB. Mais precisamente entre os objetivos de Aécio Neves e os de José Serra para 2018.
Aécio tem no senador Tasso Jereissati um aliado poderoso dentro do partido. Ambos são adversários de Serra, cuja ambição é disputar, mais uma vez, a Presidência da República. Temer, de qualquer forma, foi uma escolha de emergência, e não uma aposta definitiva.