Dilma sabia que Aécio era playboy, mas não que era tão ladrão!
O candidato-não-candidato Huck (D) e, segundo a Dilma, o "superficial, irresponsável, playboy, inconsequente e protegido pela mídia" (Reprodução)
O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista concedida pela Presidenta Dilma Rousseff a Rosane de Oliveira, da Zero Hora:
A senhora tem esperança de que o TRF4 reverta a condenação do ex-presidente Lula?
No caso Lula, temos vários problemas. Quando sofri o impeachment, disse que haveria consequências institucionais, que não tinha crime de responsabilidade, e uma certa omissão dos órgãos judiciais. No mínimo, você teria medidas de exceção e isso se viu ao longo destes 18 meses. O julgamento do Lula é típico de uma certa situação que se chama de lawfare, que é o uso da lei como arma. Em vez de você usar revólveres, metralhadoras, bombas ou tanques, usa a lei como forma de destruição do inimigo. O triplex, segundo a defesa alertou durante o julgamento antes da sentença, tinha sido dado em garantia pela OAS para a Caixa Econômica Federal num processo de pagamento de dívidas. Agora, a juíza Luciana Corrêa de Oliveira dá em penhora o apartamento triplex. Ora, se o Lula não tem a propriedade, que história é essa?
Acredita que o TRF4 pode reverter a sentença do juiz Moro?
Acho que estamos diante de um julgamento político do Lula até agora. A ação contra Lula continua golpe que começou no impeachment. O TRF4 pode retomar a credibilidade do Judiciário e fazer um julgamento jurídico e responder todas as questões irregulares da sentença.
(...)
O juiz Sergio Moro também tem sido duro com pessoas de outros partidos. Condenou Eduardo Cunha, por exemplo.
Sim, com provas cabais. E só foi condenado depois do meu impeachment. Antes, quem não sabia que ele tinha conta na Suíça?
Mas até então ele tinha foro privilegiado.
Querida, negativo. Ele tinha o foro e todo mundo sabia quem ele era. Do senador Delcídio Amaral tiraram o foro privilegiado um dia depois. Com o Eduardo Cunha, levaram de dezembro a maio. Ele presidiu meu impeachment no dia 17 de abril. O autor do impeachment é ele. É o grande articulador.
Sem ele não teria ocorrido o impeachment?
Não há por quê. Pelo mesmo motivo que o senhor Temer, por duas vezes, é impedido pela Câmara de ser julgado. Por quê? Porque Temer se baseou nos votos daqueles comprados pelo senhor Eduardo Cunha, que deu base também para o impeachment. O golpe não é um ato inaugural. Tira sem crime de responsabilidade uma presidente com 54 milhões de votos e dá um mandato para quem não teve nenhum voto. Esse é o primeiro ato. E aí tem o segundo, que é aplicar um programa por quatro vezes derrotado nas eleições presidenciais. Esse programa não tem respaldo popular. Quem tem a ousadia de dizer que o povo aprovaria a reforma trabalhista, que agora vai explodir em tudo quanto é lugar? A terceira fase do golpe é expandir as medidas, vender um pedaço da Petrobras.
(...) O que a senhora sentiu quando ouviu a gravação de Aécio Neves pedindo dinheiro ao dono da JBS?
Querida, posso falar uma coisa? Não é uma questão de vingança pessoal, não pode ser, não é isso.
Mas qual foi a sua sensação, já que ele sempre foi um dos seus críticos mais duros?
Minha filha, quem é que não sabia quem era o Aécio, pô? Fui presidente da República, você acha que não tenho uma avaliação do Aécio? Não sabia que ele era tão ladrão, mas que ele era superficial, irresponsável, playboy, inconsequente, e que a mídia o protegia eu sabia. A irresponsabilidade desse rapaz é assustadora para o seu país, mostra que isso é a visão do playboy, que quer, sobretudo, usufruir da vida, não quer dar nada em troca.
(...)