Dino: luto para que Lula e Huck estejam juntos, ao menos no 2º turno
(Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Trecho de entrevista concedida nesta segunda-feira 17/II à BBC Brasil pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB):
BBC News Brasil – O senhor conclui seu segundo mandato de governador em 2022. Partindo da premissa de que o senhor vai continuar na vida política, o senhor vai decidir entre uma possível candidatura à Presidência, à Vice-Presidência ou ao Senado?
Dino – São alternativas possíveis, todas elas, abstratamente possíveis. E são caminhos que só é possível decidir claramente em 2022. Agora, é meu desejo de fato continuar essa atuação política, até porque eu escolhi isso.
Eu era juiz federal por mais de doze anos, deixei de ser porque acreditava na política como uma ferramenta de justiça social. Acho que seria incoerente com essa atitude de renúncia que tive no passado agora renunciar novamente (à carreira política). Então, devo continuar a buscar, se houver apoio popular, exercer outros mandatos. Pode ser qualquer um deles, de modo que muito provavelmente, por imposição legal, quando chegar em abril de 2022, eu devo me desincompatibilizar do exercício do governo e buscar alguma outra candidatura.
BBC News Brasil – O senhor recentemente se encontrou, separadamente, com Lula e o apresentador Luciano Huck, duas pessoas que não dialogam. Huck, no segundo turno da eleição, disse que nunca votou nem nunca votaria no PT. Já Lula tem criticado as pretensões eleitorais do apresentador, dizendo que ele representa a Rede Globo. Com qual deles é mais provável o senhor estar junto em uma aliança em 2022?
Dino – Eu espero e luto para que seja possível em 2022 uma articulação em que, se não no primeiro turno, mas pelo menos no segundo, todos estejam juntos. Eu acredito nisto. Acredito que o Brasil avançou quando, em outros momentos da vida do nosso país, nós fizemos alianças que envolveram a esquerda e setores que não pensam de acordo com nosso ideário, (como) pensamentos liberais, mais pró-mercado.
Nós já vivemos isso em vários momentos. Ninguém pode imaginar que o vice-presidente José Alencar, ou mesmo Juscelino Kubitschek, eram socialistas. Não eram. E ambos prestaram um grande papel ao país. Então, eu acho que a beligerância que há hoje não necessariamente vai existir amanhã. Eu acredito que é possível sim quem sabe, em algum momento, se não em primeiro turno, em segundo turno, juntar todos esses que você mencionou, e mais alguns outros. Porque se nós não fazemos frente ampla do nosso lado, o outro lado faz frente ampla e nos derrota de novo. (…)