Dirceu, a capital do Golpe é SP
Manifestação organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), em junho de 2013 (Crédito: Marcos Santos/USP Imagens)
O Conversa Afiada publica artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos:
DIRCEU COM SOTAQUE PAULISTA
Em entrevista ao Opera Mundi, José Dirceu declarou que foi no Rio de Janeiro que a classe média antilulista baixou pela primeira vez. Comum no PT paulista, Dirceu falou com o sotaque preconceituoso do Estadão, sempre reescrevendo a história para glória de São Paulo. Eis alguns fatos da História esquecidos por Dirceu.
Dilma recebeu, em 2010, menos 8,6% de votos do que Lula, em 2006, no Rio de Janeiro, enquanto, em São Paulo, na mesma comparação, obteve 8% a mais; na eleição de 2014, em comparação com a de 2010, Dilma recebeu menos 20,6% de votos, no Rio de Janeiro, e, em São Paulo, o recorde de menos 32,1% de votos, em 2014, do que recebera em 2010.
Os candidatos presidenciais do PSDB receberam menos 20% de votos, em 2010, do que conquistaram em 2006, no Rio de Janeiro; em São Paulo a redução foi semelhante à do Rio, menos 20%. Na eleição de 2014, Aécio conseguiu, no Rio, 16,9% de votos a mais do que Serra, em 2010, e, em São Paulo, mais 6,7%. Onde baixou a classe média: na redução recorde de menos 32,1% de votos em Dilma, em 2014, ou no modesto acréscimo de 6,7% de votos dados a Aécio, no mesmo ano?
Em 2013, referido por Dirceu como início do golpe, foi em São Paulo que a direita desfilou pela primeira vez com mais de um milhão de brancos exigindo a saída de Dilma e a prisão de dirigentes petistas, inclusive a dele. Multidões que se sucederam e mantiveram dentro de casa o PT e a CUT. A energia do reacionarismo paulista encorajou os conservadores do resto do país. A usina do golpe estava e está em São Paulo, com a colaboração do PT nacional (paulista), queimando quadros de qualidade, país a fora, em troca de apoio fisiológico ao candidato indicado por Lula. Muito provavelmente, o indicado sairá dos quadros do PT paulista, assim como foram paulistas todos os candidatos presidenciais do PSDB e do PT, à exceção de 2014. Fernando Henrique Cardoso e Lula sempre foram políticos paulistas, assim como José Serra e Geraldo Alkmin. Para a dobradinha paulista se repetir só falta a decisão do PT, pois a direita já escalou o veterano Alkmin. O disfarce são as bandeiras de sempre: PT e PSDB.