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Dirceu no JB: Lula vai transferir para Haddad

Quem deve decidir se a ficha é limpa é o eleitor e não a Justissa
publicado 30/08/2018
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Do Jornal do Brasil

Em sua primeira entrevista coletiva após mais de cinco anos, o ex-ministro José Dirceu afirmou, ontem, em Brasília, confiar na transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o ex-prefeito Fernando Haddad, vice na chapa do PT, e disse que haverá tempo suficiente para isso acontecer. “Haverá tempo suficiente para que cada eleitor do Lula tome conhecimento de que Lula é Haddad e Haddad e Lula”, avalia. A conversa com os jornalistas aconteceu no Teatro dos Bancários para divulgar o volume I do seu livro “Zé Dirceu, Memórias”, que será lançado, a partir de setembro este mês em todo o país, em uma viagem de ônibus feita pelo ex-ministro.

Dirceu fez uma análise do atual cenário político, falou sobre erros da esquerda e do partido, e sobre sua militância política. Enfático, ele diz que o PT não pode “abrir mão” da candidatura de Lula e que o partido irá “até o limite máximo da Justiça Eleitoral”. “O PT por unanimidade quer que Lula seja candidato, mesmo com a decisão [judicial] que consideramos ilegítima”. Ao defender a revisão da Lei da Ficha Limpa, ressalta que “cabe ao eleitor decidir se um cidadão deve ou não ser eleito, não pode caber à Justiça”. Por isso, diz que o impedimento de Lula se torna uma “ignomínia e uma infâmia”. “O que não podemos é abrir mão da candidatura de Lula”, acrescenta.

A eleição apenas começou e “temos ainda um deserto para atravessar”, afirma. Mas, caso Lula na dispute as eleições, avalia que Fernando Haddad tem condições de ir ao segundoº turno. “Nós temos condições de ganhar essa eleição. O legado do Lula, a memória está viva na imensa maioria dos brasileiros sobre os seus oito anos de governo e a própria posição do PT na preferência do eleitor indica que será de novo o partido mais votado para a Câmara”, ressalta. “Não adianta querer cantar vitória”, pondera.

O livro foi escrito pelo ex-ministro da Casa Civil durante o tempo em que esteve preso depois de condenado em processo da Lava Jato. “Eu fui condenado pelo que eu não fiz”, diz ao reafirmar sua inocência. Com 554 páginas, o livro traz o relato de sua trajetória política, da militância estudantil e resistência à ditadura militar de 1964 até os governos do PT. Desde que foi solto, divide seu tempo entre a atividade política, leitura e encontros com amigos. Fora dos quadros do partido, diz estar “absolutamente fundido com a militância do PT”. “Eu respiro o mesmo ar que a militância do PT”, ressalta.

Há cinco anos sem viajar pelo país – Dirceu esteve preso desde 2013, algumas vezes em regime aberto, mas com tornozeleira eletrônica e sem poder deixar a capital federal – agora, a partir da decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) está em liberdade e poderá viajar. O lançamento das memórias começa pelo Rio de Janeiro, no dia 4, no Circo Voador, seguindo depois para diversas capitais brasileiras e interior do Nordeste.

Em tempo: sobre a Justissa, não deixe de consultar o ABC do C Af.