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Do Sul ao Rio: Dilma no caminho de Brizola

O Rio é o tambor do Brasil
publicado 04/09/2016
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Ator Vincent Cassel na Madeleine, em Paris, no show do Caetano

A carreira política de Dilma Rousseff tinha um ponto fraco: ela não morou no Rio nem em São Paulo.

Nasceu em Belo Horizonte, passou anos na cadeia, foi direto para Porto Alegre onde se tornou brizolista e de lá para Brasília, já como petista.

Ela não viveu, não foi ao supermercado, ao boteco, ao cabeleireiro, tomou caipirinha em cidades que contêm o Brasil e dali fazem o barulho que o Brasil ouve.

Dizem que Brizola chamou o Rio de "tambor do Brasil".

Não terá sido Vargas quem disse?

Os dois fizeram esse percurso: do Sul ao Rio.

Há duas cidades assim: São Paulo e Rio.

São Paulo é, porém, uma província à sua moda: ela não pensa o Brasil.

A elite que a controla e a representa quer que o Brasil se lixe.

São Paulo é secessionista desde 1932.

E só não provocou a Secessão irreversível, porque conseguiu fazer, a partir do JK e dos militares, com que o Brasil inteiro, mais os nordestinos que os outros, trabalhasse para São Paulo.

Com subsídios, controle do Banco do Brasil, Ministério da Fazenda e Banco Central, e salários de mão de obra escrava.

E com a Globo!

Porém, o Brasil mudou e o plano estratégico, secreto, da Dilma e do Lula foi levar o Brasil novo para fora de São Paulo.

Com universidades federais, por exemplo, no Recôncavo baiano, no semi-árido nordestino, em Uberaba - uma ideia subversiva!

Essa é uma das causas da crise brasileira de 2016: a perda relativa de São Paulo - e de sua elite carcomida, como se dizia na República Velha - diante do Brasil que Lula e Dilma começaram a construir.

O que a elite de São Paulo tem a oferecer, hoje, é um de seus ilustres representantes: o Golpisto.

E seus açougueiros do neolibelismo do Itaúúúúú.

E seu chanceler entreguista, que vai vender o pré-sal à Chevron.

Todos paulistas irrecuperáveis.

Como o maior dos hipócritas (o que chamou a Dilma de palhaça).

O Rio foi arruinado por JK - que cometeu a insanidade de levar a capital para o meio do deserto de soja - e os militares.

Com ajuda do Almirante Amaral Peixoto, genro de Vargas e sogro do gatinho angorá, os militares fundiram o Rio com o Estado do Rio e asfixiaram o Rio - a fusão dobrou os compromissos e reduziu a receita à metade.

A cidade do Rio recebeu um tiro no peito, quando Sarney, por ordem do Roberto Marinho, decretou, pela mão de seu ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, a moratória da cidade do Rio, sob o prefeito Saturnino Braga.

Saturnino pagou o preço de ter presidido a CPI do Time-Life - provou que Marinho era testa de ferro de americanos na Rede Globo - e Marinho esperou Sarney para se vingar dele.

A cidade do Rio estava tão quebrada quanto outros 5 mil municípios do Brasil...

Mas, a lei dos royalties do petróleo - do janguista e brizolista Baby Bocaiuva -, a ressurreição da indústria naval - promovida por Lula - e a montanha de dinheiro que o Lula e a Dilma jogaram na cidade - tudo isso levou sangue puro às veias da Cidade Maravilhosa.

Esse insubstituível tambor.

Em 1962, o ex-governador gaúcho Leonel Brizola se elegeu deputado federal pelo Rio com a maior votação da História.

E foi eleito governador do Rio em 82 - quando o gatinho angorá e o general Golbery tentaram o Golpe da Proconsult - e em 1990.

Dilma é benvinda ao Rio da rua Joaquim Nabuco, onde morou a mãe do ansioso blogueiro, e mora a historiadora Rosa Maria Araújo, co-autora, com Sérgio Cabral (pai) do imperdível musical "Sassaricando"!

Porque os militares e a Globo odiavam o Rio?

Porque o Rio era brizolista!

Como foi a Dilma.

Por que a Globo odeia o Rio (e lambe as botas de São Paulo)?

Porque o eleitor do Rio adora o Lula.

E a Dilma!

Em 2014, ela surrou o Aecím, o "mais chato", com 55% dos votos do Rio.

E um conselho inútil de carioca: Presidenta, faça mais o percurso em direção à Praia de Copacabana do que em direção ao Arpoador.

A Avenida Atlântica foi onde morou o Brizola.

Quem sabe ele reaparece por lá, de lenço vermelho!

PHA