Eleições livres com Lula
O Conversa Afiada publica sereno artigo de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
Demissões em massa em fábricas, bancos, universidades, supermercados, oligopólios de comunicação e outras tantas espalhadas pelo país e que não chegam ao público. Ações trabalhistas em que empregados lesados, em vez de ressarcidos, são obrigados a pagar advogados dos patrões e multas pelo “crime” de reclamarem direitos elementares. Morosidade proposital na concessão de aposentadorias para quem tenta se proteger da tungada prometida por mudanças na Previdência. Funcionários públicos privados de salários. Inadimplência das famílias batendo recordes atrás de recordes, assim como ações de despejo por atraso de aluguéis. Bujão de gás e litros de gasolina vendidos a preço de artigos de luxo. Eis um pequeno retrato do país real que encerra o ano após a avalanche de atrocidades perpetrada pela quadrilha golpista instalada no Planalto.
Por mais que os marqueteiros do ladrão Temer e seu bando torrem milhões em propaganda mentirosa, pouco a pouco o povo sente na pele a que veio a quartelada parlamentar que derrubou Dilma Rousseff. Não se trata mais de vaticínios “pessimistas”. O custo das ditas reformas atinge a jato diretamente o ganha pão da maioria esmagadora que vive do trabalho. Do trabalho que ainda resta: para mais de 13 milhões de brasileiros (fora os não contabilizados) nem migalhas sobram. Estão lançados ao desemprego sem outra perspectiva senão o desespero dos que não têm sequer como alimentar a si próprio e suas famílias.
Esse é o combustível que alavanca sem parar o nome de Lula nas enquetes. Simetricamente, o fogo que ele alimenta é o mesmo que incinera, uma a uma, as candidaturas fabricadas pela minoria golpista e seus esbirros na mídia oficial. A menos de um ano de eleições que não se sabe se haverá, tem-se um quadro quase inédito: mesmo somados, os que se apresentam como postulantes das forças conservadoras não conseguem chegar perto de Lula nas pesquisas.
É claro como água que os golpistas estão atentos como nunca à inviabilidade de qualquer candidato de sua estante num pleito livre, soberano e democrático. Tramam, a céu aberto, golpe atrás de golpe em todos os terrenos.
O Judissiário é o que aparece mais à vista. A condenação de Lula está acertada. A tchurma de Porto Alegre já tem o veredicto condenatório pronto. Problema: mesmo no ordenamento jurídico moldado para favorecer os poderosos, há uma trilha de recursos capaz de manter a candidatura de Lula viva por mais tempo que os fantoches do tubaranato financeiro desejaria.
Ninguém se surpreenda, porém, se as regras processuais forem manipuladas com o beneplácito da escolinha da professora Carmen Lúcia. Afinal, o pleno do STF há muito tempo deixou de ser um bastião de Justiça.
O outro front é o Congresso. Deste também não é preciso falar muito. No atacado, resume-se a uma corja de bandidos eleitos não à semelhança do povo, mas à imagem do dinheiro grosso. Timoratos incorrigíveis, por desinformação ou conveniência, costumam repetir que este Parlamento é um retrato da sociedade. Assim encaixotam as próprias responsabilidades e põem a culpa no Brasil. Quando a verdade é bem outra: a maioria de pilantras presente no congresso foi eleita pela força do dinheiro de rentistas, barões da mídia e saqueadores das riquezas nacionais.
Alguém duvida? Se duvidar, compare o resultado de qualquer pesquisa popular sobre as propostas dos golpistas e as votações em Brasília.
O terceiro palco de batalha é aquele que só de vez em quando aparece à luz. São as tramoias em Jaburus, os regabofes dos endinheirados, as reuniões em Washington e por aí afora. Lugares onde se reúnem Marinhos, Joesleys e Temer; Gilmares e golpistas; banqueiros e Meirelles da vida; Raquel Dodge e acusados de liderar organizações criminosas; escribas da mídia oficial e gente de capivara quilométrica; chefes de polícia fascista, dita federal, e criminosos notórios.
Muitas vezes, para não dizer sempre, são esses porões que gestam os ovos da serpente destruidora do Brasil.
Só há um lugar onde toda esta gente não tem chance. Perde feio. De lavada. É o espaço das ruas, do povo, do movimento popular.
A boa notícia: quem está desse lado parece ter percebido o tamanho do confronto.
A disposição do ex-presidente Lula, os manifestos da Frente Brasil Popular, da Frente Povo sem Medo, os pronunciamentos do ex-ministro José Dirceu, o desassombro da mídia independente, de artistas, de intelectuais, de professores, de sindicatos, de juristas independentes, de personalidades internacionais e, acima de tudo, o desejo manifesto do povo em defesa de eleições livres com Lula candidato apontam o caminho.
Apenas a UNIDADE da mobilização popular pode derrotar a avalanche reacionária, obscurantista, bucaneira, antinacional e antiBrasil que está em marcha no país.
Joaquim Xavier