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Enfim: Lula põe o lenço vermelho de Vargas e Brizola

"Temer quer destruir o legado de Vargas - nem FHC teve coragem!"
publicado 22/03/2018
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Lula discursou no centro de São Borja, onde Vargas nasceu (Créditos: Ricardo Stuckert)

O Conversa Afiada reproduz trechos da cobertura da caravana do presidente Lula pelo Rio Grande do Sul, pelo blog Tutameia:

Lula resgata Getúlio e promete repor direitos


No centro da histórica São Borja, ao som do Hino Nacional cantado por centenas de pessoas, Lula homenageou Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola e prometeu recuperar direitos derrubados pelo governo golpista. Respondeu aos protestos que enfrenta durante o trajeto da caravana pelo Sul (...) e anunciou que pretende, se eleito, federalizar o ensino médio e isentar de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.

O discurso ocorreu na Praça 15 de Novembro na tarde desta quarta-feira, 21 de março. O lugar estava lotado de apoiadores entusiasmados: jovens, famílias inteiras, militantes da CUT e do MST.

(...) “O único medo que eu tenho é o de trair os interesses do povo”, declarou, reafirmando que vai voltar ao governo pelo voto popular e revogar medidas do governo golpista. (...) “Se preparem porque eu estou disposto a brigar. Estão mexendo com um homem que tem caráter e eu vou brigar. Aprendi a andar de cabeça erguida “, declarou, acrescentando que não aceitará ser colocado numa cangalha. “Eu nasci pobre, mas não quero ser tratado como cidadão de segunda categoria”, declarou.

Parte do discurso de Lula –e de Dilma Rousseff e de Olívio Dutra, que também integram a caravana—enfatizou a homenagem a Getúlio, Jango e Brizola feita ali em São Borja. Cidade de força latifundiária, nela nasceram Getúlio e Jango; Brizola também teve laços com o lugar. Casado com a irmã de Jango, o ex-governador gaúcho fez questão de voltar do exílio, na anistia de 1979, pela cidade histórica gaúcha, berço do trabalhismo.

As falas centraram força em Getúlio, que enfrentou golpistas e acabou se suicidando em 1954, após fazer uma revolução para implantar o Estado brasileiro como hoje o conhecemos. Jango, derrubado por um golpe de estado, foi ministro do trabalho de Getúlio e presidente. Morreu no exílio em 1976, e seu corpo entrou no Brasil por São Borja, provocando uma grande manifestação popular contra a ditadura. Brizola, também sepultado em São Borja, liderou a resistência à tentativa de golpe em 1961, com a campanha da Legalidade, e ao golpe militar de 1964.

Getúlio foi muito lembrado pela criação das leis trabalhistas implantadas a partir de 1932 –e agora destroçadas pelo governo golpistas. Lula, que no passado foi crítico da legislação getulista, elogiou as conquistas contidas naquele conjunto de leis. Taxou de “vergonha e de falta de caráter” o extermínio de direitos em curso.

“FHC disse que iria acabar com a era Vargas, mas não teve coragem. Coisa que agora faz o governo golpista por causa dos “interesses empresariais”, disse.

Durante quase todo o tempo em que permaneceu no palanque, Lula usou um lenço vermelho em volta do pescoço, como fez Getúlio quando liderou a Revolução de 30. Na época, simbolizou a pacificação e unificação das forças que, no Rio Grande do Sul, se enfrentaram na guerra civil de 1923. (...) O lenço vermelho, como o usado por Lula em São Borja, foi adotado pelos gaúchos pacificados e, mais tarde, pelos trabalhistas de Leonel Brizola. (...)


Na Praça XV de Novembro, local de discurso de Lula (Créditos: Tutameia)


Créditos: Ricardo Stuckert


Créditos: Ricardo Stuckert


Dilma e Lula visitam o memorial a Getúlio Vargas (Créditos: Ricardo Stuckert)

Créditos: Tutameia


Os trabalhistas gaúchos se identificavam com o lenço vermelho