Funaro entregou cadáver de Temer a Fachin
Do Globo Overseas:
O operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro já concluiu a série de depoimentos relativos ao acordo de delação premiada que fez com o Ministério Público Federal, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha o caso de perto. A delação está no gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Informações da delação de Funaro deverão abastecer a segunda denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer.
Nas tratativas iniciais com vistas à delação, Funaro teria prometido falar sobre assuntos relacionados a Temer e um expressivo número de políticos, sobretudo daqueles que tiveram campanhas financiadas em negociações intermediadas pelo ex-deputado Eduardo Cunha. Depois das devastadoras delações da Odebrecht e JBS, alguns políticos em Brasília passaram a acreditar que o estoque de acusações sobre corrupção estava esgotado. Uma fonte que conhece os caminhos percorridos pelo operador afirma que esta conclusão é equivocada.
Funaro teria feito revelações consistentes. As primeiras informações fornecidas por Funaro, antes mesmo do início das negociações do acordo, levaram à prisão o ex-ministro Geddel Vieira Lima, um dos principais aliados de Temer. Num depoimento à Polícia Federal, o operador disse que o ex-ministro telefonou diversas vezes para a mulher dele recentemente. Nas ligações, Geddel teria "sondado" a disposição dele, Funaro, de delatar.
No interrogatório, o operador também reforçou parte das acusações do empresário Joelsey Batista, um dos donos da JBS, contra o presidente. Funaro disse que, de fato, Geddel atuava como interlocutor de Batista no governo. A substituição de Geddel pelo ex-assessor Rodrigo Rocha Loures na intermediação dos interesses da JBS teria sido um dos motivos centrais da conversa entre Batista e Temer no Palácio do Jaburu, na noite de 3 de março. Geddel, hoje em prisão domiciliar, acabou sendo detido por tentativa de atrapalhar a Lava-Jato.
A conversa, gravada por Batista, é o ponto de partida da delação do empresário e de mais seis executivos da JBS contra Temer e outros políticos. Funaro teria falado também sobre a intermediação de um repasse de R$ 4 milhões da Odebrecht para o PMDB de São Paulo a pedido de Temer. Os R$ 4 milhões fariam parte de um total de R$ 10 milhões acertados por Temer, o ministro Eliseu Padilha.