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General Villas Bôas está no Golpe

Xavier: Barbosa aumentou as penas (do PT) para não permitir recursos...
publicado 20/04/2018
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O Conversa Afiada tem o prazer de publicar sereno (sempre!) artigo de seu colUnista exclusivo, Joaquim Xavier:

O Brasil à deriva


Qualquer um que se arrisque a cravar um prognóstico sobre o que vai acontecer no país daqui a um mês será um charlatão. A velocidade da deterioração institucional é tamanha que tanto o cancelamento de eleições, uma quartelada, novos assassinatos, uma explosão social ou algum fato imprevisto são possíveis. O país está à deriva.

Mas certos caminhos e objetivos estão traçados. Assim como seus riscos. Se vão se realizar, é outra história. Sobre eles, dá para dizer muita coisa.

É clara a tentativa da elite golpista de sepultar definitivamente qualquer saída respeitando a soberania nacional e a vontade popular. A operação é de intensidade luminar. Nem é preciso falar muito da mídia hegemônica, que despeja mentiras “informativas” numa quantidade e frequência que não se via desde o golpe de 1964. Tome-se um exemplo: a manipulação, pelos próprios donos, da pesquisa Datafolha, é de fazer corar até tiranos assumidos. “Lula perde votos”! No mesmo diário, admite-se que os cenários em que são feitas as comparações são diferentes. Mas a manchete está lá.

Para simplificar: faz-se uma pesquisa sobre quem vai ser o campeão brasileiro de futebol. Na primeira, os candidatos da planilha são Corinthians, Íbis, Madureira, América-MG, Portuguesa e por aí afora. Fácil saber o resultado.

Aí então, algum tempo depois, se faz nova enquete, mas com outra planilha. Agora incluem-se como candidatos, além do Corinthians, times como Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Grêmio e assim por diante. É difícil adivinhar que o Corinthians terá suas chances diminuídas no resultado?

Foi isso que o diário paulista fez na cara dura. Uma fraude que em qualquer país medianamente instruído seria objeto de condenação unânime por parte da chamada opinião pública, quando não de outras medidas saneadoras. Aqui, nada acontece. Ou melhor, acontece: a chusma de escribas a soldo do seu próprio patronato deita e rola comemorando e especulando sobre a “queda” do Corinthians.

Problema: mesmo com a manipulação, o Corinthians continuou disparado na frente. Ganha em todos os cenários fabricados na usina de empulhação estatística. Vence de lavada. Mesmo em se sabendo que o time, por obra do tapetão, corre o risco de ser excluído do campeonato. Mas isso não vem ao caso. Precisa desenhar?

Na mesma operação, neste momento assumindo o comando, surge o judissiário, como diz o C Af. Perda de tempo discorrer sobre o processo que levou Lula à solitária. A grosseria da peça é tamanha que nenhum, nenhum! jurista digno desse nome no planeta acredita no que está ocorrendo.

De lá para cá, o festival de truculência aumenta sem parar. Um prêmio Nobel da Paz é proibido de visitar a masmorra em que Lula foi trancafiado. As sessões do dito supremo tribunal federal viraram episódios de big brother de fancaria. Já comentei a qualidade infame deste tribunal, dominado em sua maioria por um bando de iletrados acadêmicos que não escondem seu papel de porta-vozes de interesses alheios à Justiça com J maiúsculo.

Em vez de zelar pela Constituição, farreiam em convescotes de centros acadêmicos dos próprios filhos em Harvard, vendem sua fala maltrapilha em palestras nos grotões, divertem-se enquanto o Brasil desce à ruína. Os 200 milhões de brasileiros parecem entregues a onze personagens cuja maioria é de escassa natureza intelectual e nenhum compromisso nacional. Retrato perfeito das coisas por aqui: não se ouve mais falar em Executivo, Legislativo.

Mas cada vez mais se tem ouvido falar de militares. Percebe-se um cuidado protocolar quando se trata de Forças Armadas, mesmo entre os críticos ao golpe de temer & cia. Jornalistas respeitados enchem-se de sutilezas ao tocar no assunto. Um erro capital. Ilude-se quem pensa que as Forças Armadas estão lá quietinhas, mansinhas, prontas a bater continência à Constituição.

O general Villas Bôas, incensado por motivos insondáveis, vem se mostrando um militante golpista assumido. Para quem tinha dúvidas, veja sua ordem do dia 19, Dia do Soldado. Ao lado do maior corrupto do Brasil, o presidente ladrão, o general brada pelo combate à corrupção! Zorra total.

Isso depois de o mesmo general ter pressionado ostensivamente o supreminho às vésperas de um dos enésimos julgamentos sobre o ex-presidente Lula. Só quem acredita em Papai Noel pode pensar que o mundo verde oliva é servo da democracia. Com uma agravante: a qualidade do oficialato atual acompanha a decomposição geral em que o país se encontra. Também nos quartéis, leva quem der mais. Vide Bolsonaro.

O cheiro de queimado cresce à medida em que a direita anda em círculos atrás de algum candidato para eternizar “legalmente” o massacre da democracia. Novamente surge Joaquim Barbosa, o verdadeiro símbolo do golpe, título conquistado com sua atuação vergonhosa no processo do mensalão.

Desta serpente “jurídica” brotaram os ovos da deturpação da teoria do domínio do fato, as manipulações de sentenças para fustigar réus –“estou aumentando as penas para impedir a vitória de recursos”, disse Barbosa em alto e bom som em sessões transmitidas para todo o país--, os votos como o de Rosa Weber ao condenar José Dirceu –“os fatos não demonstram, mas a literatura me autoriza a condenar”—e outras aberrações do gênero. A maior delas, além da quartelada parlamentar, Sérgio Criminoso Moro. A esse respeito, sugiro uma rápida viagem pelos vídeos de Paulo Henrique Amorim na TV Afiada. Irrefutáveis.

Neste xadrez inédito, resta a oposição. Por paradoxal que pareça, nunca foram tão grandes e, ao mesmo tempo, tão difíceis, as chances de acabar com a destruição acelerada do país. Grandes, e imensas, pela incapacidade irremediável de a elite golpista, capitaneada pelo capital gordo e seus asseclas, de convencer o povo a seguir a receita de desemprego, depressão econômica e submissão definitiva ao grande capital nacional e internacional. Pequenas, ao mesmo tempo, pela dificuldade inaceitável de articular uma plataforma comum em torno da defesa incondicional da liberdade de Lula e de eleições livres.

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