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Haddad: a justiça só será feita quando Lula subir a rampa do Planalto

Só assim para o Brasil encontrar a paz
publicado 03/03/2020
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(Reprodução/Redes Sociais)

Via Rede Brasil Atual - “O Brasil só vai encontrar paz quando encontrar justiça. E a justiça só será feita quando Lula subir a rampa do Palácio do Planalto”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Haddad participou hoje (3) do Festival Lula Livre em Paris, no Teatro Du Soleil, ao lado dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

O Festival Lula Livre em Paris contou com apresentações musicais e artísticas contra a violência da Polícia Militar, por mais escolas e menos prisões, contra a morte de jovens periféricos e mulheres. O evento compõe a agenda europeia do ex-presidente nesta semana – além de Paris, irá a Genebra e Berlim.

Haddad falou sobre o momento que o Brasil está vivendo: “O arbítrio chegou ao poder pelo voto e temos de entender como isso aconteceu”, refletiu. “Para que o atual presidente (Jair Bolsonaro) chegasse ao poder houve um grande desgaste das instituições democráticas”, disse lembrando a sabotagem contra o governo Dilma Rousseff pela oposição derrotada, o processo de impeachment.

Para o ex-prefeito, apenas através de vias golpistas a extrema-direita consegue alcançar o poder no Brasil. “Foram três golpes sucessivos para que essa vergonha de presidente chegasse ao poder. Há mais petistas capazes de chegar à Presidência da República, do que golpes que ele possam nos dar. Portanto eles têm um problema pela frente, vão ter de nos enfrentar novamente numa eleição e num ambiente democrático que vamos defender com a própria vida se for necessário.”

Os números de 13 anos de governos petistas embasaram a fala de Haddad. “Com Lula, os de baixo se viram pela primeira vez representados na história. Foi com Lula que quase 20 milhões de brasileiros conheceram a energia elétrica, 12 milhões conheceram a água potável, 40 milhões deixaram a extrema pobreza. Foi com Lula e Dilma que 3 milhões passaram a ter casa própria. E o que considero das coisas mais relevante – e vou me incluir nessa –  que milhões de pretos e pobres tiveram as portas das universidades abertas”, disse o ex-prefeito, que foi ministro da Educação de 2005 a 2012.

Agradecimento

O evento foi marcado por falas agradecimentos à concessão a Lula do título de Cidadão Honorário de Paris. Dilma enalteceu o internacionalismo da solidariedade e da luta democrática. As falas eram intercaladas com apresentações performáticas preparadas para o Festival Lula Livre em Paris.

“Vocês estiveram junto conosco denunciando que havia no Brasil um golpe de Estado que a mídia e a elite queriam esconder. Agradeço por isso. Vocês nos ajudaram a romper uma cortina de mentiras e falsas interpretações. Vocês nos ajudaram a levar uma campanha de denúncia da prisão ilegal do presidente Lula. Mostraram que Lula, acima de tudo era inocente. Que contra ele não havia provas e não havia crime. Vocês difundiram isso aqui, na França e com companheiros de outros países europeus. Sobretudo vocês romperam a barreira de silencio, de mentiras”, disse Dilma.

A ex-presidenta lembrou que a ascensão da extrema-direita tem por trás interesses obscuros internacionais e empresariais. Além disso, essa história de terror começou com ela.

“Não deixariam esse golpe ser derrotado dois anos depois. Lula era o grande líder da resistência no Brasil e tinha de ser impedido de concorrer às eleições presidenciais de 2018 (…) O resultado foi a eleição de um neofascista que tem por objetivo a destruição da soberania do país. Primeiro com o absoluto desprezo pela Amazônia, perseguindo as lideranças indígenas, ambientais, e procurando de todas as formas corroer a maior empresa de petróleo da América Latina. E ao mesmo tempo destruindo os direitos dos trabalhadores, o sistema previdenciário do país, fazendo voltar a fome da qual tínhamos saído em 2014, destruindo todas as políticas sociais dos nossos governos que tinham mudado a distribuição de renda do Brasil.”

A fala de Lula

Lula fez uma análise de conjuntura política internacional e comentou aspectos pessoais de sua vida. “Vocês acreditam no amor? Vou contar uma história. Na era digital, depois que fui preso, Rosângela começou a trocar correspondência comigo. Temos 580 cartas minhas e 580 cartas dela. Podem ficar certos de que o amor é possível quando duas pessoas querem se amar”, disse sobre sua namorada Rosângela da Silva, a Janja, que também participou do festival.

“Por isso saí da prisão sem ódio. Determinei não permitir que a cadeia me deixasse uma pessoa que odiasse meus algozes. Tenho certeza que durante todo o período que estive na cadeia, embora estivesse sozinho entre quatro paredes, numa cama estreita, tenho certeza que dormia muito mais tranquilo do que o juiz Moro”, completou Lula.

O ex-presidente fez uma ampla defesa da política como instrumento de transformação. Lula defendeu que a imprensa comercial e setores empresariais manipularam o povo para o ódio, o preconceito e ao desprezo com a política.

“Não há hipótese de consolidar o processo democrático fora da política. Não há hipótese de fazermos uma sociedade mais justa sem um Estado forte. Não conheço um empresário que abriu mão de seus lucros para fazer política social. Não conheço nenhum empresário que defenda o pagamento de um tributo justo. Não conheço nenhum empresário que queira um Estado forte”, disse.

“Jamais imaginei chegar a situação que cheguei. Saí da presidência com 87% de bom e ótimo nas pesquisas, 10% de regular e 3% de ruim. Dilma, em 2013, tinha 75% de aprovação. Jamais imaginei que inventassem um processo contra ela. Jamais imaginei que fosse acusado de corrupção. Jamais vi a sociedade brasileira com tanto ódio (…) Precisamos apostar e acreditar que é possível recuperar o humanismo no ser humano. Mesmo quando você tiver contra tudo e todos, não desista da política. Você precisa ter consciência que o político bom que você deseja está dentro de você”, completou.