Joaquim Xavier: até tu, Ciro?
Faltar à resistência em São Bernardo é injustificável!
publicado
11/04/2018
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O Conversa Afiada reproduz artigo de seu colUnista exclusivo - favor não confundir com colonista - Joaquim Xavier:
A história é repleta de momentos que, no calor da luta, podem ser superestimados ou diminuídos apesar da sua real importância. Vistos ao longo do tempo, escoimadas as paixões e emoções das circunstâncias imediatas, tais momentos assumem sua relevância ou então são relegados a notas de rodapé.
Ciro Gоmes vive esta encruzilhada. É uma pena que tenha escolhido a segunda opção. A de ser coadjuvante de uma das maiores maquinações já produzidas pela elite carcomida local e internacional contra qualquer tentativa de tirar o país do atraso secular.
É inadmissível, sob qualquer aspecto, que um pré-candidato autoconsiderado de esquerda adote a dubiedade, para dizer o mínimo, como princípio diante do massacre contra o ex-presidente Lula. Por trás de declarações enfadonhas reivindicando sua “lealdade” histórica ao ex-presidente, escancara-se agora uma atitude indigna de alguém que se diz defensor da democracia e do combate ao golpe do impeachment de Dilma Rousseff.
Pode-se até entender a recusa de Ciro a aderir ao movimento “Eleição sem Lula é fraude”. Afinal, ele é candidato assumido. Mais do que isso. A ausência de Lula nas eleições alavanca as chances de Ciro. Este sempre poderá argumentar que é melhor ter alguém como ele disputando o pleito para manter vivo o legado de quem ele diz ter dito sempre um “aliado histórico”. Vamos combinar, trata-se de cálculo é eleitoral. Ninguém é trouxa. Mas embala uma dignidade retórica, especialidade do ex-ministro.
Pode-se entender menos, mas ainda assim tapar o nariz, uma situação em que o partido pelo qual Ciro é pré-candidato vote em peso pela intervenção militar oportunista no Rio, enquanto ele próprio diga, a voz pequena, que pessoalmente é contra.
Mas decididamente não se pode aceitar as últimas declarações do hoje pedetista –sabe-se lá até quando, tantos foram os partidos pelos quais o personagem circulou—em relação aos episódios envolvendo a prisão do ex-presidente.
O mundo jurídico nacional e internacional considera líquido e certo que o processo contra o ex-presidente Lula é uma fraude monumental, com um objetivo indiscutível: banir da vida política brasileira qualquer opção que não corresponda aos interesses mais primitivos do rentismo e da alienação da soberania nacional.
Diga-se o que se diga, salta aos olhos que o ex-presidente Lula é um preso político, e não um punguista de esquina, um criminoso comum, um corrupto de carteirinha ou coisa parecida. Isso é um fato, só não reconhecido pela mídia golpista e seus escribas de aluguel que Ciro diz combater –mas que na prática o hoje pedetista só faz endossar. “Lula não é preso político”, diz. Um espanto!
Mas o pior sempre pode ficar pior. E essa é outra especialidade do pré-candidato Ciro. É absolutamente injustificável sua ausência ao ato de resistência realizado em São Bernardo contra a prisão de Lula. Num ato em que o fator substantivo era a defesa da democracia, acima de Lula ou qualquer outro nome, Ciro simplesmente deu as costas. Foi mais longe: agora critica a tentativa de governadores de visitar o ex-presidente na cadeia, embora isto seja um direito previsto em lei. Espanto ainda maior!
É uma incógnita quais são os interesses por trás dessa atitude. Há quem fale que Ciro, com isso, quer se credenciar junto a uma fatia anti-Lula --classe média, banqueiros e empresários graúdos incluídos—, mas adotando um discurso popular e palatável a lulistas. Acender uma vela a Deus e outra ao Diabo. Chegar a um hipotético segundo turno e então se impor à esquerda como alternativa inescapável.
Tudo indica que, mais uma vez, Ciro escolhe o caminho errado. Não conquistará Deus, nem será recebido pelo Diabo. Candidata-se, isto sim, a virar um Dória da esquerda. Um triste fim para quem podia ser muito mais do que é, caso entendesse que a política a favor do povo é a que deixa interesses personalistas de lado quando a unidade é mais importante que a vaidade irrelevante. Será uma nota de rodapé. Se é que já não é.
Ciro Gоmes vive esta encruzilhada. É uma pena que tenha escolhido a segunda opção. A de ser coadjuvante de uma das maiores maquinações já produzidas pela elite carcomida local e internacional contra qualquer tentativa de tirar o país do atraso secular.
É inadmissível, sob qualquer aspecto, que um pré-candidato autoconsiderado de esquerda adote a dubiedade, para dizer o mínimo, como princípio diante do massacre contra o ex-presidente Lula. Por trás de declarações enfadonhas reivindicando sua “lealdade” histórica ao ex-presidente, escancara-se agora uma atitude indigna de alguém que se diz defensor da democracia e do combate ao golpe do impeachment de Dilma Rousseff.
Pode-se até entender a recusa de Ciro a aderir ao movimento “Eleição sem Lula é fraude”. Afinal, ele é candidato assumido. Mais do que isso. A ausência de Lula nas eleições alavanca as chances de Ciro. Este sempre poderá argumentar que é melhor ter alguém como ele disputando o pleito para manter vivo o legado de quem ele diz ter dito sempre um “aliado histórico”. Vamos combinar, trata-se de cálculo é eleitoral. Ninguém é trouxa. Mas embala uma dignidade retórica, especialidade do ex-ministro.
Pode-se entender menos, mas ainda assim tapar o nariz, uma situação em que o partido pelo qual Ciro é pré-candidato vote em peso pela intervenção militar oportunista no Rio, enquanto ele próprio diga, a voz pequena, que pessoalmente é contra.
Mas decididamente não se pode aceitar as últimas declarações do hoje pedetista –sabe-se lá até quando, tantos foram os partidos pelos quais o personagem circulou—em relação aos episódios envolvendo a prisão do ex-presidente.
O mundo jurídico nacional e internacional considera líquido e certo que o processo contra o ex-presidente Lula é uma fraude monumental, com um objetivo indiscutível: banir da vida política brasileira qualquer opção que não corresponda aos interesses mais primitivos do rentismo e da alienação da soberania nacional.
Diga-se o que se diga, salta aos olhos que o ex-presidente Lula é um preso político, e não um punguista de esquina, um criminoso comum, um corrupto de carteirinha ou coisa parecida. Isso é um fato, só não reconhecido pela mídia golpista e seus escribas de aluguel que Ciro diz combater –mas que na prática o hoje pedetista só faz endossar. “Lula não é preso político”, diz. Um espanto!
Mas o pior sempre pode ficar pior. E essa é outra especialidade do pré-candidato Ciro. É absolutamente injustificável sua ausência ao ato de resistência realizado em São Bernardo contra a prisão de Lula. Num ato em que o fator substantivo era a defesa da democracia, acima de Lula ou qualquer outro nome, Ciro simplesmente deu as costas. Foi mais longe: agora critica a tentativa de governadores de visitar o ex-presidente na cadeia, embora isto seja um direito previsto em lei. Espanto ainda maior!
É uma incógnita quais são os interesses por trás dessa atitude. Há quem fale que Ciro, com isso, quer se credenciar junto a uma fatia anti-Lula --classe média, banqueiros e empresários graúdos incluídos—, mas adotando um discurso popular e palatável a lulistas. Acender uma vela a Deus e outra ao Diabo. Chegar a um hipotético segundo turno e então se impor à esquerda como alternativa inescapável.
Tudo indica que, mais uma vez, Ciro escolhe o caminho errado. Não conquistará Deus, nem será recebido pelo Diabo. Candidata-se, isto sim, a virar um Dória da esquerda. Um triste fim para quem podia ser muito mais do que é, caso entendesse que a política a favor do povo é a que deixa interesses personalistas de lado quando a unidade é mais importante que a vaidade irrelevante. Será uma nota de rodapé. Se é que já não é.