Lava Jato tem o seu pior ano, mesmo com Moro em Brasília

2019 parecia um ano promissor para a Operação Lava Jato, especialmente porque um aliado dos lavajateiros de Curitiba chegou ao Ministério da Justiça após contribuir com a eleição de Jair Bolsonaro. Mas, como mostra reportagem de Felipe Bächtold na Folha de S.Paulo desta sexta-feira 27/XII, o ano da operação termina "com uma série de derrotas em várias instâncias do Judiciário, estagnação de resultados e um inédito abalo em sua credibilidade".

Entre essas derrotas, está a revisão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), das prisões após condenação em segunda instância. Além disso, as escandalosas revelações da série de reportagens Vaza Jato fizeram os procuradores diminuírem a exposição pública.

Como lembra a reportagem, até políticos conhecidos por apoiar a Lava Jato, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), passaram a criticar a equipe por causa de práticas abusivas.

Além disso, 2019 reservou o absurdo plano dos procuradores de Curitiba envolvendo a administração de um fundo bilionário abastecido pela Petrobras para reparar supostos danos provocados pela corrupção. A ideia, em um primeiro momento, era dar ao Ministério Público Federal no Paraná uma parte da gestão de R$ 1,25 bilhão, mas acabou barrada pelo ministro Alexandre Moraes, do STF.

O professor de direito Rubens Glezer, coordenador do projeto Supremo em Pauta da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo disse à Folha que a discussão sobre a imparcialidade de Sergio Moro, ex-juiz (sic) da operação, será a mais sensível de todas em 2020, porque colocará à prova a capacidade do STF de se opor a alguém "com tanto capital político".