Los Angeles Times: fora Temer!
'Los Angeles Times' considera Temer um 'aliado que virou inimigo'
O Los Angeles Times considerou ontem (25) o presidente interino Michel Temer como um “aliado que virou inimigo”. O jornal disse que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi votado por deputados que em grande parte “respondem a acusações de corrupções mais graves, além de outros crimes” e lembrou que vazaram gravações de áudio após a votação comprovando que parlamentares e políticos queriam o impeachment para “interromper as investigações contra eles mesmos”.
“As acusações contra Rousseff não são consideradas crimes”, diz a reportagem, que avalia que após assumir interinamente a presidência, Temer instalou um governo muito mais conservador. O jornal lembrou que três ministros foram forçados a deixar o cargo logo depois de assumirem devido a acusações de corrupção.
O jornal se posiciona em relação à carta que 40 democratas membros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, parte do Congresso norte-americano, publicaram ontem criticando fortemente o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e expressando “profunda preocupação” com a democracia do Brasil. O embaixador brasileiro nos EUA, Luiz Alberto Figueiredo Machado, está tentando convencer os deputados e senadores a não assinarem o documento, segundo o jornal americano Los Angeles Times.
Os legisladores norte-americanos cobraram o secretário de Estado dos EUA, John F. Kerry, para quem a carta é endereçada, de ter “máxima cautela nas suas relações com as autoridades interinas do Brasil e abster-se de declarações e ações que possam ser interpretadas como de apoio à campanha do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.”
A carta – que teve apoio da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), de outras entidades sindicais e de organizações não governamentais que trabalham na América Latina – diz também que, desde o princípio, “o processo de impeachment foi incentivado a partir de irregularidades processuais, corrupção e motivações políticas”.
“O governo dos Estados Unidos deve expressar preocupação com as ameaças às instituições democráticas de um país que é um dos mais importantes aliados políticos e econômicos da região”, diz o texto. A expectativa é que Kerry acate os pedidos da carta, porém, muitos chefes de Estado planejam não se posicionar sobre o caso. O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse que não iria comentar sobre a democracia no Brasil.
O embaixador brasileiro enviou uma carta aos parlamentares norte-americanos afirmando que o impeachment “seguiu rigorosamente em acordo os preceitos estabelecidos na legislação brasileira”. “O Brasil vê com preocupação e rejeita qualquer tentativa de desacreditar suas instituições ou de questionar a retidão com que um instrumento constitucional e republicanamente legal, como o processo de impeachment – é implementado”, escreveu.