Lula: a Política vem antes da Economia
O Conversa Afiada reproduz de forma não literal o discurso do Presidente Lula na reunião ampliada da CNM/CUT em São Bernardo do Campo (SP), nessa terça-feira, 24/I:
- temos que falar de Política
- qual o impacto da Lava Jato na Economia?
- não é só a corrupção
- o MPF, a PF, o Moro desempenham um papel político
- lembram do mensalão? Era uma questão de sobrevivência para eles prender o Dirceu, apesar do voto do Lewandowski
- todo mundo sabe que a Visanet não era uma empresa pública, o dinheiro ia pra Globo…
- todo mundo sabia que o Genoino era inocente
- armaram uma emboscada para o Genoino, para dar uma satisfação à opinião pública
- como é que eles vão sair dessa?
- Lava Jato: vocês acham que um dia o William Bonner vai dizer “desculpas, presidente Lula”… Eles não vão dizer nunca!
- eles foram longe demais
- não esperavam a nossa capacidade de resistência
- achavam que iam achar uma conta minha em Cayman, Nova York, em Caetés
- a Lava Jato tirou 2,5% do PIB!
- tenho orgulho de em 2002 ter ido a um estaleiro em Angra que só tinha rato, capim e metalúrgico vendendo cerveja em caixa de isopor na cabeça
- o presidente da Petrobras, o Francisco Gros, escreveu um artigo na Gazeta Mercantil para dizer que o Brasil não tinha tecnologia, não tinha capacidade
- em doze anos, a indústria naval passou de seis trabalhadores para 86 mil
- produzimos navios de grande porte, plataformas, sondas, com 65% de conteúdo nacional
- hoje o trabalhador vai voltar a vender cerveja com isopor na cabeça para alegria do trabalhador da Coreia e da China
- e eu pensava não era só em emprego: era em domínio da tecnologia!
- e na indústria de óleo e gás?
- tem dedo estrangeiro na Lava Jato para entregar o pré-sal!
- a elite brasileira quer ser vira-lata: o Brasil não pode ser protagonista, o Brasil não ser do BRICs, não pode ser do banco do BRICs, não pode ser da Unasul
- vocês viram a diretora do FMI, a Lagarde? Passou um pito no Meirelles: não é o arrocho, Meirelles, é a desigualdade de renda.
- vejam como até o FMI mudou!
- a nossa primeira grande luta no sindicato dos metalúrgicos foi em 1977 pela reposição salarial
- o Banco Mundial tinha dito que o Delfim Netto sonegou informações sobre os salários de 1974 e 1975
- nós fomos atrás
- queremos a reposição!
- o movimento se espalhou e foi assim que nasceu o que o Estadão chamou de “o novo sindicalismo”
- vocês têm que se preparar (para a nova realidade mundial)
- se não tem dinheiro de fora, alguém tem que acionar a máquina da Economia e esse alguém tem que ser o Estado
- só o Estado pode religar a roda gigante
- só quem empresta dinheiro a longo prazo é o Estado: o Itaú e o Bradesco não emprestam
- tem que ser o banco estatal que esses meninos do Ministério Público querem criminalizar
- por que esses meninos não vêm disputar eleição?
- as instituições estão frágeis, desacreditadas
- e vocês não podem pedir só aumento de 5% na Petrobras
- tem que discutir o papel da Petrobras
- agora mandam empresário brasileiro depor na Justiça americana
- querem destruir a Petrobras
- a Petrobras contratou 6 empresas para trabalhar no Comperj e nenhuma é brasileira
- a quem interessa destruir a indústria brasileira?
- o Estado só vai voltar a se mover quando o povo conquistar o direito de eleger um presidente pelo voto, com uma proposta que a Sociedade compreenda e que faça mover a máquina do Estado
- Temer deixou a industria têxtil estrangeira entrar: quem disse que a indústria têxtil é estratégica?
- a Sociedade está arredia
- é preciso devolver a esperança
- dar à juventude – 65% dos metalúrgicos hoje são jovens –, que estudou mais do que nós e mais do que os pais, dar a ela a oportunidade de estudar, de ter acesso a bens materiais e à cultura também
- e dar emprego ao adulto. Isso é sagrado
- a minha obsessão era ter casa própria. No aluguel você tem que mudar todo ano e não sabe onde vai morar ano que vem: vai pra onde o dinheiro der. As crianças não podem fazer amigos
- a minha primeira casa tinha 33 m² e vivíamos eu , a Marisa, três crianças, a sogra e um cachorro. E vivíamos muito bem
- comprar casa só possível com a Economia crescendo
- temos que construir o nosso discurso para 2017
- uma proposta para o país
- uma proposta que não seja covarde, como a do dirigente sindical que faz uma proposta que o patrão não pode cumprir
- o mundo real é assim, esse é o mundo da Política
- tudo ou nada é burrice!
- nós trabalhadores que estivemos no Governo temos um compromisso com o nosso legado
- não adianta tentar agradar o mercado: o mercado só vai te aceitar se você prometer voltar à escravidao
- só depois que estiverem todos mortos, é que a Economia, com esse modelo, vai voltar a crescer
- mas, a que custo?
- tem que crescer antes!
- por que os empresários não defendem isso, não defendem o emprego, não defendem outros empresários ? é um bando de traíras…
- falta um mínimo de solidariedade
- nós não podemos discutir só a conjuntura, a Economia
- tem que colocar a Política na frente
- a Democracia, voltar a eleger o Presidente da República
- se não for assim, a Economia não cresce
- (por isso, a Política vem antes da Economia)
- não quero que 2017 esteja perdido, como dizem
- temos que nos preparar – hoje corri 10 km
- nós tiramos esse país da merda
- eles estão jogando na merda de novo