Lula admite que não será candidato
Lula será o motor da alternativa
publicado
05/07/2018
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O Conversa Afiada publica sereno (sempre!) artigo de seu exclusivo colUnista, Joaquim Xavier:
Para bom entendedor, meia palavra basta. Quando a palavra é inteira, nem precisa ser bom entendedor.
Pela primeira vez, o ex-presidente Lula admitiu que será impedido de concorrer às eleições. É ele próprio quem reconhece no manifesto lido pela presidenta do PT no dia 3, embora o fato tenha sido escondido, como esperado, pela mídia oficial. Vamos às suas palavras:
“Tudo isso me leva a crer que já não há razões para acreditar que terei Justiça, pois o que vejo agora, no comportamento público de alguns ministros da Suprema Corte, é a mera reprodução do que se passou na primeira e na segunda instâncias.”
O ex-presidente não poderia ser mais claro. Vítima de um processo fraudulento, sem provas de crimes, de uma armação com “Supremo e tudo”, como diria o funesto Romero Jucá,
Lula admite que o judiciário apodrecido a serviço do grande capital nativo e internacional fechou as portas para que ele dispute as eleições presidenciais.
Pouco importa que ao final do mesmo manifesto ele diga que será lançado como pré-candidato na convenção do PT.
Trata-se sobretudo de saudação à bandeira da sua inocência, e uma maneira de reafirmar que se considera alvo, como é de fato, de uma maquinação sórdida destinada a tirar do pleito o nome preferido pela maioria esmagadora do povo brasileiro. Lula tem consciência de que, mantidas como estão, as condições para sua liberdade de concorrer em outubro estão cerradas. Não há como esperar que este supreminho reverta a operação iniciada no mensalão, continuada na quartelada judiciária-midiática-parlamentar que derrubou Dilma e coroada com sua prisão. “Já não há razões para acreditar que terei Justiça”: é o próprio Lula quem diz.
A opção - Lula sabe disso, mas não falou porque mesmo numa solitária sente melhor do que ninguém a temperatura do povo - seria uma ampla mobilização capaz de obrigar os bandoleiros que assaltaram o poder a recuar.
Essa alternativa não está à vista.
O PT, mesmo com dois milhões de filiados, mostra-se impotente para mover suas tropas. Os sindicatos estão colocados na penúria pela reforma infame no âmbito trabalhista. Cardeais da “esquerda” preferem se perder em disputas de vaidades e personalismos em vez de estabelecer como prioridade a liberdade do mais importante líder popular que o país já conheceu.
Diante de tamanha fragmentação de lideranças, o povo, que não é bobo, dificilmente sairá às ruas sem saber qual o rumo oferecido. Porém, nunca deixa de manifestar por outros meios que não suporta mais o caminho traçado pelos golpistas: a liquidação da soberania nacional; a volta ao estatuto de colônia; o desemprego em massa; o desmonte da indústria, da saúde pública, da educação; a revogação na prática da Lei Áurea; a militarização da segurança pública; e a eliminação mesmo física, nas palavras de um jurista como Pedro Serrano, de gente do povo pobre e seus representantes.
Basta ver a quantas anda o caso Marielle/Anderson, o índice de mortalidade no campo e os números da intervenção pretensamente salvadora no Rio.
Sobre esta, apenas um dado conta tudo: desde que ela foi decretada, o número de morte de civis cresceu 34% quando se faz a comparação com o mesmo período de 2017. Precisa desenhar?
Se derrubaram Lula por um momento, os golpistas, no entanto, fracassaram em aparecer como alternativa palatável.
Sua única proposta é arruinar o Brasil, saída que o povo rejeita como mostram todas, todas mesmo, pesquisas de opinião.
Prova disso é a incapacidade da direita de oferecer qualquer candidatura que não a de gente como Jair Bolsonaro, um primata fantasiado de humano incapaz de convencer mesmo os abutres que ele sonha representar.
A luta agora se dá em dois fronts.
Primeiro, garantir a realização de eleições, ainda não asseguradas diante da capacidade de manobras da camarilha golpista-judiciária–parlamentar-midiática no poder.
Depois, construir uma candidatura capaz de canalizar o sentimento anti-golpista predominante na esmagadora maioria do país.
Ninguém se iluda: o motor dessa candidatura será a palavra de Lula.
Sem o seu aval, nada feito.
Qual será o nome? É assunto para o próximo artigo.
Pela primeira vez, o ex-presidente Lula admitiu que será impedido de concorrer às eleições. É ele próprio quem reconhece no manifesto lido pela presidenta do PT no dia 3, embora o fato tenha sido escondido, como esperado, pela mídia oficial. Vamos às suas palavras:
“Tudo isso me leva a crer que já não há razões para acreditar que terei Justiça, pois o que vejo agora, no comportamento público de alguns ministros da Suprema Corte, é a mera reprodução do que se passou na primeira e na segunda instâncias.”
O ex-presidente não poderia ser mais claro. Vítima de um processo fraudulento, sem provas de crimes, de uma armação com “Supremo e tudo”, como diria o funesto Romero Jucá,
Lula admite que o judiciário apodrecido a serviço do grande capital nativo e internacional fechou as portas para que ele dispute as eleições presidenciais.
Pouco importa que ao final do mesmo manifesto ele diga que será lançado como pré-candidato na convenção do PT.
Trata-se sobretudo de saudação à bandeira da sua inocência, e uma maneira de reafirmar que se considera alvo, como é de fato, de uma maquinação sórdida destinada a tirar do pleito o nome preferido pela maioria esmagadora do povo brasileiro. Lula tem consciência de que, mantidas como estão, as condições para sua liberdade de concorrer em outubro estão cerradas. Não há como esperar que este supreminho reverta a operação iniciada no mensalão, continuada na quartelada judiciária-midiática-parlamentar que derrubou Dilma e coroada com sua prisão. “Já não há razões para acreditar que terei Justiça”: é o próprio Lula quem diz.
A opção - Lula sabe disso, mas não falou porque mesmo numa solitária sente melhor do que ninguém a temperatura do povo - seria uma ampla mobilização capaz de obrigar os bandoleiros que assaltaram o poder a recuar.
Essa alternativa não está à vista.
O PT, mesmo com dois milhões de filiados, mostra-se impotente para mover suas tropas. Os sindicatos estão colocados na penúria pela reforma infame no âmbito trabalhista. Cardeais da “esquerda” preferem se perder em disputas de vaidades e personalismos em vez de estabelecer como prioridade a liberdade do mais importante líder popular que o país já conheceu.
Diante de tamanha fragmentação de lideranças, o povo, que não é bobo, dificilmente sairá às ruas sem saber qual o rumo oferecido. Porém, nunca deixa de manifestar por outros meios que não suporta mais o caminho traçado pelos golpistas: a liquidação da soberania nacional; a volta ao estatuto de colônia; o desemprego em massa; o desmonte da indústria, da saúde pública, da educação; a revogação na prática da Lei Áurea; a militarização da segurança pública; e a eliminação mesmo física, nas palavras de um jurista como Pedro Serrano, de gente do povo pobre e seus representantes.
Basta ver a quantas anda o caso Marielle/Anderson, o índice de mortalidade no campo e os números da intervenção pretensamente salvadora no Rio.
Sobre esta, apenas um dado conta tudo: desde que ela foi decretada, o número de morte de civis cresceu 34% quando se faz a comparação com o mesmo período de 2017. Precisa desenhar?
Se derrubaram Lula por um momento, os golpistas, no entanto, fracassaram em aparecer como alternativa palatável.
Sua única proposta é arruinar o Brasil, saída que o povo rejeita como mostram todas, todas mesmo, pesquisas de opinião.
Prova disso é a incapacidade da direita de oferecer qualquer candidatura que não a de gente como Jair Bolsonaro, um primata fantasiado de humano incapaz de convencer mesmo os abutres que ele sonha representar.
A luta agora se dá em dois fronts.
Primeiro, garantir a realização de eleições, ainda não asseguradas diante da capacidade de manobras da camarilha golpista-judiciária–parlamentar-midiática no poder.
Depois, construir uma candidatura capaz de canalizar o sentimento anti-golpista predominante na esmagadora maioria do país.
Ninguém se iluda: o motor dessa candidatura será a palavra de Lula.
Sem o seu aval, nada feito.
Qual será o nome? É assunto para o próximo artigo.